PRAXIA GLOBAL
CONCEITO
A coordenação motora global tem como objetivo a realização e a automação dos movimentos globais durante certo tempo, além da exigência da atividade conjunta de vários grupos musculares.
Por intermédio do estudo desta praxia. Pode-se observar a perícia postural e a macromotricidade relativas à coordenação dinâmica geral. Uma ação coordenada voltada a um fim determinado (praxia) é, antes de tudo, uma ação antecipada mentalmente, ou seja, foi programada, regulada e verificada, para então ser executada.
Por exemplo, para a realização de um salto à distância, é necessário antecipar o trajeto que se deve correr antes de saltar, a velocidade que se deve impor na corrida e começar a saltar, a capacidade de executar o salto, a confiança para fazê-lo bem, dentre outras. Uma ação práxica é, então, a expressão da informação do córtex motor, como resultado da recepção de informações sensoriais táteis, visuais e vestibulares acumuladas durante anos, por meio da nossa experiência e relação no meio humano.
As praxias implicam, por um lado que o movimento seja resultado de uma aprendizagem operada dentro de um contexto sócio histórico, e não resultante da conjugação de reflexos ou de uma simples maturação neuromotora e, por outro, que haja uma intenção consciente e dirigida, pressupondo a elaboração de um plano ou de um programa visando a obtenção de um fim a atingir. (Ajuriaguerra apud Fonseca, @008, p. 443).
A praxia global traduz a organização da atividade consciente, da ação antecipada pelo pensamento, pois coordena o conhecimento integrado do corpo, por meio das informações cognitivas e emocionais resultantes das experiências anteriores e dos estímulos externos, recebidos por vias perceptivas e sensoriais.
PRAXIA FINA (Coordenação motora fina) - Ela integra todas as competências adquiridas na praxia global, com maior complexidade e diferenciação, compreende a micro motricidade e a perícia manual (velocidade dos movimentos finos). Deste a preensão reflexa nos bebês até a preensão equilibrada do lápis as escreve, a praxia fina vive uma dimensão operada e experimentada, para ajustar-se até poder ser integrada, conhecida e pensada, tornando-se uma ação econômica, precisa e cada vez mais automatizada. A mão é o instrumento central da praxia fina, pois é o maior órgão exploratório existente e o grande diferencial da espécie humana. A mão, desde os primeiros meses de vida do bebê, já explora o corpo, descobrindo-se como um ser no mundo. A partir da postura bípede, a mão se liberta totalmente, permitindo à criança a exploração e a manipulação do mundo dos objetos, das pessoas e do próprio corpo e, com isso, o acesso à aprendizagem e ao desenvolvimento da inteligência.
Até a mão do homem conseguir trabalhar a primeira pedra lascada em forma de faca, passou-se uma imensidão de tempo, diante do qual é insignificante o tempo que conhecemos historicamente. Mas o passo decisivo já se havia dado: a mão já se havia liberado, estando em condições de ir adquirindo novas aptidões. (Engels, 1961, p 159).
Esta Unidade funcional constitui as ações com sequência de movimentos e procedimentos planejados e ordenados em função de um resultado a ser atingido ou um fim, ou ainda uma intenção a ser conseguida ou obtida. Segundo Fonseca (2008), a planificação implica cinco dimensões: Identificar a ação desejada; sequenciar procedimentos; recuperar dados relevantes; buscar recursos cognitivos; decidir e executar ações. Para realizar todas essas funções complexas, a terceira unidade funcional se apoia na maturação das áreas motoras primárias e secundárias (primeira e segunda unidades funcionais de Luria) e depende delas, porque irão sempre operar interligadas e integradas sistematicamente. Segundo Luria (1981, p. 218).
Uma lesão na área da terceira unidade, isto é, no lobo frontal, leva o indivíduo a uma capacidade de formular intenções ou tarefas motoras, ficando completamente passivo quando a situação exige um plano apropriado de ação. Qualquer disfunção pode levar a terceira unidade funcional a déficits nas praxias, na leitura, na escrita e nos cálculos, competências altamente complexas e diferenciadas, peculiares à espécie humana.
A terceira unidade funcional traduz, em termos práticos, o mundo exterior, o real, os objetos e os outros que foram manipulados, operados, provados e experimentados corporalmente, sensorialmente, perceptivamente e relacionalmente, para depois serem integrados, conhecidos e pensados mentalmente.
Segue um paralelo entre os fatores psicomotores citados por Fonseca, as Unidades funcionais de Luria e suas funções: