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ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO TEMPORAL

CONCEITO

A Estruturação espaço temporal envolve basicamente a integração cortical de dados espaciais, mais referenciados com o sistema visual (lobo occipital), e de dados temporais, rítmicos, mais referenciados com o sistema auditivo (lobo temporal).

Dessa forma, a estruturação espaço temporal, mais a noção de corpo, completam o estudo dos fatores psicomotores da segunda unidade funcional, cujas propriedades funcionais estão adaptadas à capitação, análise, síntese e armazenamento de estímulos recebidos pelos analisadores sensoriais, visuais e auditivos.

A estruturação espaço temporal é a capacidade de situar o próprio corpo no espaço, em relação a referenciais e obstáculos fixos e móveis, de localizar outros objetos com base em tais referenciais, de perceber a velocidade de deslocamento do próprio corpo e de objetos, assim como a trajetória de seus movimentos. Essa capacidade de localização possibilita antecipar o ponto do espaço que será ocupado pelo próprio corpo ou por outro objeto móvel, num determinado momento futuro (alguns segundos à frente), permitindo regulares seus próprios deslocamentos em função de seus objetivos e das situações ambientais. A integração das informações visuais, auditivas e tátil-cinestésicas é que possibilita o desenvolvimento da orientação espaço temporal, a partir dos movimentos próprios e da observação cuidadosa do ambiente.

A estruturação espacial estável, permite a criação de relações com o envolvimento, isto é, a criação de uma estruturação espacial operacional e dinâmica com a qual nos localizamos e orientamos mentalmente, face ao espaço e face aos objetos, podendo assim descobrir semelhanças e diferenças nos objetos e entre os objetos.

 A estruturação temporal proporciona ao indivíduo a capacidade de se situar em relação a sucessão de acontecimentos (início, meio e fim), à renovação cíclica de certos períodos (um dia, uma semana, um mês, etc.) e ao caráter irreversível do tempo (ontem, hoje, amanhã). Esta se refere ao ritmo, que é, por sua vez, ditado pelo próprio dinamismo do ser vivente. Desde o útero, o feto já entra em contato com os ritmos do seu corpo e da sua mãe, demonstrando regularidade do movimento em relação ás informações sonora.

Alguns ritmos próprios do ser, citados por Le Boulch (1982), auxiliam na estruturação temporal, são eles: ritmo cardíaco, respiratório, de fome, de alternância vigília-sono, da atividade muscular, da locomoção, da palavra, das atividades viscerais e endócrinas. Por isso a música é tão importante no desenvolvimento da criança.

A música, estimula a imaginação, a intuição e a criatividade. Ela explora o canal oral-auditivo, pois a criança  presta  atenção, memoriza, discrimina, se expressa,  percebe  a  ordem das palavras  e  o  sentido, além de  auxiliar  na capacidade  de reconhecer palavras,  frases, intervalos, histórias.

Chlaung, da escola de medicina de Harvard (EUA), e Gaser, a da Universidade de Jena (Alemanha), revelaram que ao compararem cérebros de músicos e não músicos, perceberam que os do primeiro grupo tinham o cérebro mais desenvolvido nas regiões responsáveis pela visão e controle motor.

A eficácia das canções de ninar é prova de que a música e afeto se unem em uma mágica. Muitas vezes nossas melhores lembranças que envolvem carinho e acolhimento dizem respeito às nossas lembranças musicais. Por essas razões a linguagem musical tem sido apontada como uma das áreas de conhecimento mais importantes a serem trabalhadas nas escolas.

Há inúmeras experiências na área da saúde que demonstram que trabalhos em hospitais utilizam a música como elemento fundamental no controle da ansiedade dos pacientes.

Conclui-se que a prática da música, é benéfico para o aprendizado, pois potencializa a aprendizagem cognitiva, particularmente no campo do raciocínio lógico, da matemática, do espaço e da abstração. 

É devido á segunda unidade funcional luriana que o indivíduo consegue processar os sons (timbre, ritmo, etc.) de fonemas e processa também as noções de espaço (locação, posição, orientação, etc.) auxiliados pelo sentido da visão, que determina a coordenação visomotora da figura-fundo, da cor, da forma, da espessura, das figuras, dos signos, das letras, dos números, etc., é ainda, a responsável pelo processamento das posturas e das praxias globais e distais, pela localização do corpo e pela integração emocional e experiencial de gestos e ações espaço-temporais organizadas, por meio do sentido tátil-cenestésico (Luria apud Fonseca, 2008). 

Quaisquer disfunções que se verificarem nessa unidade funcional podem causar desordens de processamento ou reconhecimento da informação, ora omitindo e substituindo dados, ora adicionando e distorcendo outros. Essas desordens vão culminar em dificuldades de aprendizagem comuns hoje em dia nas escolas, tais como distúrbios de leitura e escrita, detectadas na linguagem escrita.


Terceira Unidade Funcional De Luria

Esta unidade representa o nível mais elaborado do desenvolvimento do cérebro e está localizada no lobo frontal, de onde saem as ordens que concretizam, realizam e executam qualquer tipo de praxia – macro, micro, oro ou grafomotora.

É também estruturada em áreas primárias, secundárias e áreas terciárias que antecedem a produção de competências de aprendizagem. As três áreas, mais uma vez, operam interligadas e sistematicamente. Para que a aprendizagem humana ocorra de forma adequada, ou qualquer outra função psíquica superior, como ler, escrever ou resolver problemas, as três áreas contribuem de forma harmônica para a sua expressão.

Nas áreas pré-frontais, por designação psicomotora, emergem as funções executivas de planificação, de auto regulação, de suporte à decisão, de avaliação, de continuidade temporal, de controle inibitório, de atraso e distância interiorizada, de gratificação adiada, de atenção voluntária, de criatividade, etc.

Esta unidade é composta pelas bases psicomotoras: Praxia Global e praxia fina.