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LATERALIZAÇÃO

CONCEITO

Basicamente inata, é governada por fatores genéticos, embora treinamentos e os fatores de pressão social a possam influenciar. Razão por que é muito importante pesquisar os antecedentes da preferência manual, principalmente quando em presença de crianças com preferência manual esquerda.  (ZANGWILL, 1975) 

Os dois hemisférios são conectados pelo “corpo caloso”, formado por milhares de fibras nervosas que permitem que os dois hemisférios compartilhem a aprendizagem e a memória. Cada hemisfério tem funções muito claras e diferenciadas, e a troca de informações entre eles é um facilitador e mantenedor da aprendizagem.

Os bebês ainda não possuem uma dominância cerebral e suas aprendizagens são próximas às dos animais (mamíferos superiores), porém, com a maturação cortical e com seu meio, ele passa a atribuir um valor simbólico a um dos seus hemisférios. Esta atribuição permitirá o desenvolvimento da linguagem e a aquisição da leitura e da escrita diferenciando-o, então, como espécie humana. O hemisfério esquerdo monitora as áreas da lógica e da linguagem, é analítico e avalia os dados de uma maneira racional, além de reconhecer letras, palavras e números, por isso é chamado de hemisfério simbólico. O hemisfério direito é intuitivo: reconhece informações de imagens, por meio da linguagem corporal, do teor emocional e do tom de voz, especializou-se na percepção espacial, reconhecendo lugares, rostos, e objetos, por isso é chamado de hemisfério não-simbólico. O hemisfério direito comanda as funções do lado esquerdo do corpo.

A lateralização manual surge no fim do primeiro ano, mas só se estabelece fisicamente por volta dos 4 a 5 anos, independentemente de muitas crianças atravessarem a ambilateralidade e vários episódios de flutuação, antes de obterem a lateralização direita ou esquerda. No nascimento, os dois hemisférios são equipotenciais, como provam estudos de crianças com lesões no hemisfério esquerdo que posteriormente desenvolvem a linguagem no direito fenômeno esse observável em um cérebro maduro. (Fonseca 2012, p.151).

A lateralidade é função da dominância lateral, tendo um dos hemisférios à iniciativa da organização do ato motor e, o outro, a função de apoio e auxilio que incidem no aprendizado e no desempenho das praxias. Até os seis anos a criança já está apta a perceber seu eixo corporal e seus hemi-lados. Mais tardiamente, quando a prevalência hemisférica já estiver bem definida (por volta de 7 a 8 anos), a criança começa a compreender o conceito de direita e esquerda em si mesmo, no outro e na relação com o todo.

Dominância Lateral é a utilização predominante de um dos lados nos quatros segmentos corporais (olho, ouvido, mão e pé), é a utilização não isolada de um dos lados, sendo complementada pelo outro. O lado dominante apresenta maior organização, força e precisão, é ele que inicia e executa a ação principal e o outro lado auxilia esta ação, sendo igualmente importante.

  • Destra – Significa o predomínio de utilização do lado direito;
  • Canhota – Significa a utilização predominante do lado esquerdo;
  • Ambidestra - significa a falta de um predomínio lateral estabelecido podendo o sujeito utilizar com o mesmo desempenho, os dois lados.
  • Lateralidade Cruzada - quando o indivíduo utiliza pelo menos dois lados com predomínio diferente dos dois restantes. É também função da lateralização a integração bilateral necessária ao controle postural e perceptivo-visual.

Em termos práticos, a lateralização se processa a partir de um reconhecimento do próprio corpo que age no mundo exterior e interior. Uma lateralização bem definida se apoia na construção da noção de corpo, seu esquema e imagem corporal. Por meio da motricidade a criança vai conhecendo e integralizando seu corpo. Observa-se domínio na utilização de um dos lados, primeiro nos membros superiores e inferiores. Este processo vai determinar a lateralização, que mais tarde já deve estar totalmente definida. Quando a criança percebe no seu corpo o seu eixo corporal e seus lados (direito e esquerdo) ela consegue transpor esse conhecimento para além do seu corpo, isto é, para a linguagem oral e, finalmente para a linguagem escrita. Perceberá por exemplo, que “p” é diferente de “q” e “b”, de “d”.