Saltar navegação

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DO CÉREBRO

A organização do córtex é função da complexidade da motricidade que organizada, por sua vez, em comportamentos, resulta da generalização e da associação de dados sensoriais vindos da periferia (olhos, ouvidos, pele, músculos, tendões, ligamentos e articulações). Entre o mundo exterior (o ambiente ou os ecossistemas naturais e sociais) e o córtex, diz-nos Lúria, existe um processo sensorial e neural que transforma o estímulo vindo do exterior em um estímulo significativo integrado mentalmente. Dos órgãos sensoriais à medula ou ao tálamo para os centros corticais, a sensação é transmitida sucessivamente em percepção, imagem, simbolização.


O Córtex e a complexidade da psicomotricidade

Corresponde à camada mais externa do cérebro, sendo rico em neurônios, e é o local do processamento neuronal mais sofisticado. Nele estão armazenadas as representações simbólicas que permitem ao sujeito responder com uma ação às solicitações do meio. O córtex recebe, analisa, sintetiza e armazena os estímulos exteriores, organizando-os, categorizando-os e ordenando-os em função de uma significação ou uma função específica.

O córtex cerebral é responsável pelas funções mentais mais complexas e desenvolvidas, como a linguagem, percepção, cognição, memória e emoção. Foi a partir da evolução do córtex que se criou a cultura e com isso a consciência.

 

Psicomotricidade e organização funcional do cérebro

Aleksandr Luria, um dos psicólogos russos de grande renome internacional, foi um dos pioneiros no estudo da neuropsicologia. Contemporâneo e seguidor dos trabalhos de Vygotsky, Luria estudou os mecanismos do cérebro e seus sistemas funcionais adquiridos ao longo do processo sócio histórico da espécie humana. Para esse autor, um dado comportamento ou conduta é resultado da coordenação das áreas de interação no cérebro, isto é, da criação de várias conexões entre muitos grupos de células que se encontram posicionadas em distantes áreas do mesmo.

Luria traduziu o funcionamento cerebral em sistemas funcionais e os dividiu em três unidades funcionais. Cada unidade funcional desempenha uma função específica na realização das ações, porém, elas são indissociáveis no processo funcional cerebral, ou seja, uma depende da maturação da outra para organizar e integrar novas aprendizagens. 

Em cada unidade funcional Luriana, (Fonseca 2004, p. 75), agrupou algumas bases psicomotoras, facilitando o estudo e o entendimento desse complexo sistema, estruturando assim o desenvolvimento humano.

As bases psicomotoras agrupadas por Luria são as seguintes:

Primeira unidade funcional Luriana - A primeira unidade funcional está localizada nas estruturas subcorticais do cérebro, que suportam os dois hemisférios. Ela integra um conjunto de estruturas que são responsáveis pela modelação do alerta cortical, pela vigilância tônico-postural e pela filtragem e integração das informações sensoriais recebidas do meio externo.

É compreendido pela medula, tronco cerebral, cerebelo, sistema límbico e tálamo. Esta unidade entra em atividade já no desenvolvimento intrauterino e desempenha um papel decisivo no parto e nos primeiros processos de maturação motora antigravitacional. Segundo Fonseca (2008, p.432), sem esta unidade funcional, o cérebro é incapaz de responder aos estímulos do mundo ao redor, pondo em risco não só a integração sensório-motora do organismo total do indivíduo com o seu exterior.

Esta unidade corresponde, basicamente, à aquisição da persistência motora, mantendo nosso cérebro no estado de alerta e atenção, necessários as desempenho de qualquer atividade. Esses estados têm funções específicas, porém, são funcionalmente interdependentes: Selecionam, filtram, focalizam e refinam a integração dos estímulos.

Essa unidade é composta por bases psicomotoras de TONICIDADE E EQUILIBRAÇÃO.