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MIGRAÇÕES NO BRASIL

Historicamente observamos muitos movimentos migratórios no Brasil, muitos deles vinculados a ciclos econômicos. Podemos citar:

  • Séculos XVI e XVII - deslocamento de pessoas do litoral para o interior do Nordeste acompanhando a expansão da pecuária (através do Vale do São Francisco);
  • Século XVIII - deslocamento de paulistas e nordestinos para Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso atraídos pela descoberta de ouro e pedras preciosas;
  • 1870-1910 - deslocamento de nordestinos para a Amazônia (especialmente para o Acre, durante o ciclo da borracha;
  • final do século XIX / início do século XX - nordestinos para São Paulo, atraídos pela cafeicultura;
  • década de 1940 - nordestinos para oeste paulista e norte do Paraná, atraídos pela expansão da cultura do algodão;
  • década de 1950 - nordestinos para Goiás, atraídos pela oferta de empregos na construção civil durante a construção de Brasília;
  • décadas de 1960/70 - nordestinos para a Amazônia, devido aos projetos de colonização agrícola e de mineração, além da abertura de rodovias como a Transamazônica.

 

Observamos que historicamente a principal região de emigração no Brasil tem sido o Nordeste. Isso não se deve exclusivamente às secas, mesmo porque devemos lembrar que não é só o sertanejo que deixa sua região. A falta de empregos, de infraestrutura, a concentração de terras e o baixo padrão de vida são os fatores principais para a saída dos nordestinos de sua região. A seca é um agravante para aqueles que moram nas áreas afetadas por esse fenômeno climático.

Além desses movimentos importantes ao longo da história do Brasil precisamos lembrar de alguns movimentos específicos e muito importantes para o o seu estudo:

Êxodo rural: envolve o deslocamento do campo (área de emigração) para a cidade (área de imigração). Ocorre desde a década de 1940, com maior intensidade nos anos 60 e 70. Posteriormente diminui de intensidade, mas ainda é um dos mais importantes movimentos no Brasil. A população sai do campo devido à falta de empregos, baixos níveis salariais, concentração de terras nas mãos de poucos proprietários, modernização agrícola, falta de infraestrutura na zona rural. Segue para as cidades atraídos pela maior oferta de empregos (economia mais dinâmica nas áreas urbanas), salários mais elevados, melhor infraestrutura. São atraídos pela idéia equivocada de maior facilidade para o enriquecimento, a eterna perseguição do eldorado nas metrópoles. Mas constituem uma mão-de-obra sem qualificação que vai enfrentar uma dura realidade nas cidades, como a feroz competição pelo mercado de trabalho. As expectativas são frustradas logo no início e boa parte desses migrantes vai engrossar as estatísticas dos excluídos sociais das favelas, cortiços e loteamentos irregulares. 

Transumância: movimento temporário em que, terminada a causa que motivou a saída do migrante, ele retorna ao local de origem. Geralmente acompanha a alternância das estações climáticas sendo, assim, um movimento sazonal. Como exemplo podemos lembrar do sertanejo que, durante a época das secas, deixa o Sertão e se dirige para a Zona da Mata, voltando para sua pequena propriedade no Sertão quando volta a chover nessa área, retomando suas atividades de subsistência. 

Migrações pendulares diárias: são comuns nas grandes regiões metropolitanas. Trata-se de um movimento de ida e volta durante um dia. Envolve especialmente o deslocamento de casa para o trabalho e a volta para a casa. Milhões de brasileiros executam esse movimento diariamente.

Migrações inter-regionais: envolvem o deslocamento de uma região brasileira para outra. É tradicional o deslocamento de nordestinos para o Sudeste (atraídos pelo mercado de trabalho, pela industrialização e construção civil, além do melhor padrão de vida nas metrópoles do Sudeste). Precisamos também ressaltar o deslocamento de sulistas para o Centro-Oeste e Amazônia acompanhando a expansão das fronteiras agrícolas brasileiras. Na década de 1990 esses movimentos inter-regionais diminuem de intensidade. A saturação das metrópoles do Sudeste tem provocado até um retorno dos nordestinos à sua região. 

Migrações intra-regionais: são aqueles que ocorrem entre os estados de uma mesma região. Os movimentos de curta distância apresentaram uma intensificação nos anos 90. Destacam-se como centros de atração mais recentes os estados de Tocantins, Goiás, Amapá e Maranhão. Observamos também um menor crescimento populacional nas metrópoles de várias regiões metropolitanas e um maior crescimento nos municípios periféricos a essas capitais, até mesmo fora das regiões metropolitanas. Os municípios de porte médio têm obtido um crescimento mais expressivo.