Saltar navegação

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

CONCEITO

Entende-se por variação linguística os vários falares entre falantes de uma língua. 

Toda língua natural tem suas variações. No Brasil temos muitos falares. Essa variação é justificada não apenas pelo fato histórico, que, necessariamente, leva a profundas transformações qualquer língua, como também pelas diferenças regionais, sociais, grau de escolaridade, sexo e principalmente pelas categorias profissionais. O que é muito importante compreender é que essas variações não devem ser vistas como 'erro' e sim - variações. 

Qualquer atividade de interação verbal envolve situações e sujeitos diversificados, marcados por especificidades individuais e coletivas, que, naturalmente, vão manifestar-se no modo de falar, no padrão de escolha das palavras e das estruturas gramaticais. 

Leia o texto abaixo: 

Vício na Fala 

Oswald de Andrade 

Para dizerem milho dizem mio 

Para melhor dizem mió 

Para pior pió 

Para telha dizem teia 

Para telhado dizem teiado 

E vão fazendo telhados 
 

O texto de Oswald de Andrade mostra que a língua portuguesa possui mais de uma forma, sendo, portanto, variável. 

 

Variedades Lingüísticas 

A língua, segundo o lingüista Ferdinand de Saussure, 'é a parte social da linguagem', isto é, ela pertence a uma comunidade, a um grupo social - a língua portuguesa, a língua chinesa. A fala é individual, diz respeito ao uso que cada falante faz da língua. Nem a língua nem a fala são imutáveis. Uma língua evolui, transformando-se foneticamente, adquirindo novas palavras, rejeitando outras. A fala do indivíduo modifica-se de acordo com sua história pessoal, suas intenções e sua maior ou menor aquisição de conhecimentos. 

1. Língua Culta 

De modo geral, os falantes são levados a aceitar como "correto" o modo de falar do segmento social que, em conseqüência de sua privilegiada situação econômica e cultural, tem maior prestigio dentro da sociedade. Assim, o modo de falar desse grupo social passa a servir de padrão, enquanto as demais variedades lingüísticas, faladas por grupos sociais menos prestigiados, passam a ser consideradas "erradas". 

Considera-se como "correta" a língua utilizada pelo grupo de maior prestigio social. Essa é a chamada língua culta, falada escrita, em situações formais, pelas pessoas de maior instrução. A língua culta é nivelada, padronizada, principalmente pela escola e obedece à gramática da língua-padrão. 

 

2. Língua Coloquial 

A Língua Coloquial ou popular é utilizada na conversação diária, em situações informais, descontraídas. É o nível acessível a qualquer falante e se caracteriza por: 

a) Expressividade afetiva, conseguida pelo emprego de diminutivos, aumentativos, interjeições e expressões populares: 

É só uma mentirinha, vai! 

Você me deu um trabalhão, nem te conto! 
 

b) Tendência a transgredir a norma culta: 

Você viu ele por aí? 

Você me empresta teu carro? 
 

c) Repetição de palavras e uso de expressões de apoio: 

Né? Você está me entendendo? Falou! 
 

 

2.1. Gíria 

É uma variante da língua, falada por um grupo social ou etário. É a fala mais variável de todas, pois as expressões entram e saem 'da moda' com muita freqüência, sendo substituídas por outras. Algumas se incorporam ao léxico, dando origem a palavras derivadas. É o caso de dedo-duro que deu origem a dedurar. 

 

 

2.2. Variedades geográficas ou diatópicas 

São as variantes de uma mesma língua que identificam o falante com sua origem tradicional. Podemos distinguir entre elas: 

Dialetos: variantes da língua comum utilizadas num espaço geográfico delimitado. O dialeto é o resultado da transformação regional de uma língua nacional (o idioma). O açoriano e o madeirense, por exemplo, são dialetos do português. Algumas línguas têm uma origem histórica comum, mas por razões políticas ou econômicas uma delas ganhou status de língua, enquanto outras permaneceram como dialetos. As línguas românicas eram dialetos do latim. 

Falares: modalidades regionais de uma língua cujas variações não são suficientes para caracterizar um dialeto. Às vezes, são apenas algumas palavras ou expressões ou mesmo certos tipos de construção de frases. A esse uso regional da língua também dá-se o nome de regionalismo. 

 

 

2.3. A fala popular na literatura 

O registro da fala popular na literatura tem sido largamente empregado como forma de atribuir expressividade e veracidade ao texto. Na década de 30, por exemplo, quando os escritores propunham uma literatura engajada e realista, o aproveitamento do nível coloquial, pela transcrição dos falares regionais, foi elemento fundamental para o sucesso do romance brasileiro. 

Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. 

Entende-se, por esse descritor, a identificação de marcas linguísticas de variação na linguagem e, em consequência, a identificação do locutor e do interlocutor de um texto. 

É um descritor importante para tratar da diversidade linguística brasileira, especialmente de variedades mais ligadas a situações comunicativas menos monitoradas, como costumam ser as produções dos estudantes em geral. 

Esse descritor vai exigir do participante do teste a habilidade de identificar as variedades lingüísticas resultantes da influência de diversos fatores, como o grupo social a que o falante pertence, o lugar e a época em que ele nasceu e vive, bem como verificar quem fala no texto e a quem este se destina, reconhecendo as marcas linguísticas expressas por meio de registros usados, vocabulário empregado, uso de gírias ou expressões, ou níveis de linguagem. 

É preciso ressaltar que, estando a língua em constante mudança, a atenção na abordagem desse descritor deve ser redobrada, para que não se incorra em generalizações e inadequações, o que geraria o efeito contrário do que se quer com esse tópico, que é abordar a riqueza da diversidade linguística.