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EMPREGOS DE PALAVRAS E EXPRESSÕES

Existem em nossa língua algumas palavras e expressões muito comuns, mas que, às vezes,  oferecem dúvidas quanto ao seu correto emprego. Observe, a seguir, algumas delas. 

 

PORQUE/ POR QUÊ / PORQUE / PORQUÊ: 

Por que: deve ser grafado separadamente quando se trata de duas palavras: preposição por + pronome que. Assim, temos os seguintes casos: 

1) quando equivale a pelo qual e variações, temos a preposição por seguida do pronome relativo que: 

Ex: Este é o ideal por que luto. (= pelo qual) 

Essa é a profissão por que sempre ansiei. (= pela qual) 

 

2) quando equivale a por qual razão, por qual motivo, trata-se da preposição por seguida do pronome interrogativo que: 

Ex: Por que seu amigo não veio à festa? (= Por qual razão) 

Não sei por que ele faltou. (= por qual motivo) 

 

 

Por quê: quando o pronome interrogativo se posiciona no final da frase ou aparece seguido de pausa forte, ele deve receber acento circunflexo: 

Ex: Seu amigo não veio por quê? 

Ele não veio, não sei por quê. 

Você reclama de tudo, por quê, meu filho?

 

 

Porque: deve ser grafado numa só palavra quando se trata de uma conjunção equivalente a uma vez que, visto que, pois ou para que: 

Ex: Não fui à escola porque estava doente. 

Feche a porta porque está ventando muito. 

"Eu canto porque o instante existe  e minha vida está completa." (Cecília Meireles) 

 

 

Porquê: só deve ser empregado como substantivo. Nesse caso, aparece sempre antecedido de um determinante: 

Ex: Desconheço o porquê de tantas mentiras. 

Não aceito os seus falsos porquês.

 

 

ONDE E AONDE 

Ambos são advérbios usados para indicar lugares, porém a preposição a de aonde indica que essa palavra deve ser usada somente quando estiver relacionada a verbos que pedem tal preposição e a orações que sugerem movimento. 

Isso ocorre em "Aonde você vai?" - já que quem vai sempre irá a algum lugar - e "Aonde ele está me levando?", pois quem leva tem de levar alguém ou algo a um lugar. 

Para conferir se o uso está correto, basta substituir aonde por para onde: "Para onde você vai?" 

Onde deve ser relacionado a situações que fazem referência a um lugar e quando a ideia de movimento não está presente. Por exemplo: "O bairro onde você mora é perigoso" e "Não conheço a cidade onde minha mãe nasceu". 

 

 

MAL / MAU:

Mau é adjetivo, antônimo de bom. Refere-se, portanto, a substantivos: 

Ex: Escolhemos um mau momento para viajar. 

Indivíduo de mau caráter não merece confiança. 

 

Mal tem os seguintes valores morfológicos: 

a)  advérbio de modo - antônimo de bem:

Ex: Sua redação está bastante mal estruturada.

Ela é muito mal-educada.

Tudo não passou de um mal-entendido.

Essa menina sempre se comporta mal em público. 

 

b)  conjunção subordinada temporal - sinônimo de assim que, quando:

Ex: Mal amanhece, muitos saem para o trabalho.

"Mal entrou em casa, tocou o telefone." (Dalton Trevisan) 

 

c)  substantivo - nesse caso, deve ser precedido de artigo ou de outro determinante:

Ex: "Maldita sejas pelo pelo ideal perdido! Pelo mal que fizeste sem querer! Pelo amor que morreu sem ter nascido!" (Olavo Bilac)

Esse mal é difícil de curar.

 

HÁ ou A

• Usa-se “há” quando o verbo “haver” é impessoal, tem sentido de “existir” e é conjugado na terceira pessoa do singular.

Ex: Há um modo mais fácil de fazer essa massa de bolo.

Existe um modo mais fácil de fazer essa massa de bolo.

 

• Ainda como impessoal, o verbo “haver” é utilizado em expressões que indicam tempo decorrido, assim como o verbo “fazer”.

Ex: Há muito tempo não como esse bolo.

Faz muito tempo que não como esse bolo.


Logo, para identificarmos se utilizaremos o “a” ou “há” substituímos por “faz” nas expressões indicativas de tempo. Se a substituição não alterar o sentido real da frase, emprega-se “há”.

Ex: Há cinco anos não escutava uma música como essa.

Substituindo por faz: Faz cinco anos que não escutava uma música como essa.

 

• Quando não for possível a conjugação do verbo “haver” nem no sentido de “existir”, nem de “tempo decorrido”, então, emprega-se “a”.

Ex: Daqui a pouco você poderá ir embora.

Estamos a dez minutos de onde você está.

 

CESSÃO, SESSÃO E SEÇÃO

A confusão vem do fato de seção, sessão e cessão serem palavras homófonas, ou seja, têm a mesma pronúncia, mas grafias diferentes. Vamos lá:

a) Seção é uma parte; relaciona-se a dividir, seccionar (ou secionar, tanto faz);

b) Sessão é uma apresentação, espetáculo ou reunião; e

c) Cessão vem do verbo ceder (dar; desistir em favor de alguém).

Sempre que possível, procure associar a palavra a outra de seu mesmo universo semântico (de sentido) e, assim, encontrará a letra correta: seccionar/seção; ceder/cessão.

No caso de sessão, a palavra deriva do latim sessio (ação de sentar-se), daí seu uso com situações em que, em princípio, as pessoas se sentam. 

Assim:

De qual seção do jornal você gosta mais, política ou esportes?

Haverá uma sessão extra do filme à meia-noite.

A reforma agrária acarretará a cessão de terras a pequenos agricultores. 

 

MAIS, MAS ou MÁS

 O uso destas palavras é motivo de indecisão na hora de escrever e muita gente acaba se perdendo.

Vamos, então, tentar sanar as dúvidas.

 Mas é conjunção e significa porém, todavia.

Ex.: O rapaz é culto, mas pouco simpático.

 

Más é adjetivo e significa ruins.

Ex.: Não devemos andar com más companhias.

 

Mais pode ser advérbio e quer dizer aumento; pode ser substantivo e quer dizer o restante; pode ser preposição e quer dizer em companhia de.

Ex.: Estuda mais e serás aprovado.

Por hoje é só, o mais fica para amanhã.

Meu tio mais sua filha estão vindo para cá.

 

SE NÃO ou SENÃO

As duas hipóteses existem na língua portuguesa e estão corretas. Seus significados são diferentes e podemos diferenciar situações em que devemos utilizar uma ou outra.

A palavra senão pode significar uma exceção, uma consequência negativa ou um problema. A sequência se não é usada com significado de caso não.

Senão é uma palavra formada através da seguinte junção: se + não. É uma palavra complexa, com uma pluralidade de classes gramaticais e significados. Sendo uma preposição, se refere a uma limitação ou a uma exceção, sendo sinônima de exceto, salvo, fora, a não ser e menos. Sendo uma conjunção indica a consequência negativa de uma afirmação anterior, sendo sinônima de caso contrário, de outro modo e do contrário. Sendo um substantivo masculino se refere a uma falha, problema, imperfeição, defeito ou mácula.

Exemplos:

O aluno não fez nada senão bagunça. (a não ser)

Venha rápido, senão não chegaremos a tempo! (caso contrário)

Aquela minha amiga tem apenas um senão, é muito fofoqueira. (defeito)

 

Se não é uma sequência formada pela conjunção se e pelo advérbio não. Utiliza-se normalmente como conjunção condicional ou integrante. Como conjunção condicional tem significado de caso não, quando não.

Exemplos:

Você fala como se não o conhecesse.

Se não conseguir entregar o projeto hoje, não se preocupe.

Se não fosse sua ajuda, não conseguiria terminar meus afazeres.

 

ATENÇÃO!

É possível utilizar a expressão se não nos mesmos contextos em que se utiliza a conjunção senão, quando o verbo se encontrar omisso. 

Exemplos:

Venha rápido, senão não chegaremos a tempo! (caso contrário)

Venha rápido, se não, não chegaremos a tempo! (caso não)

Venha rápido, se não (vier), não chegaremos a tempo! (caso não)


AO ENCONTRO DE, DE ENCONTRO A

Embora sejam parecidas na sua estrutura, seus significados são contrários e devem ser usadas em situações diferentes.

Ao encontro de significa ir no mesmo sentido de alguma coisa, na sua direção, indo a seu favor, acompanhando essa mesma coisa.

Ao encontro de indica concordância, ir no mesmo sentido.

Exemplos:

O menino foi ao encontro de sua mãe.

Suas ideias vão ao encontro de minhas ideias. Assim, poderemos trabalhar juntos.

Pode contar com meu voto, sua proposta vai ao encontro de meus objetivos.


De encontro a
significa ir no sentido contrário a alguma coisa, indo contra, chocando com essa mesma coisa, se opondo, confrontando.

As expressões “ao encontro de” e “de encontro a” são locuções prepositivas, ou seja, um conjunto de duas ou mais palavras em que a última é uma preposição. São formadas pela preposição de, pelo substantivo masculino encontro e pela preposição a ou contração da preposição a com artigo definido o. 

De encontro a indica discordância, ir no sentido contrário.

Exemplos:

O carro foi de encontro ao muro.

Suas ideias vão de encontro a minhas ideias. Assim, não poderemos trabalhar juntos.

Não farei o que me pedem porque vai de encontro a meus princípios.