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BARROCO

No século XVII, de 1600 a 1700, o Brasil viveu o início da colonização portuguesa, o ciclo da cana-de-açúcar, principalmente na Bahia. Devido à economia açucareira, tão importante para a época, os portugueses trouxeram os negros da África como escravos, para trabalharem nas lavouras. Assim, o tráfico negreiro também era a outra fonte de economia da época. A riqueza do país era evidente e, por isso, muitas invasões, principalmente holandesas, aconteceram nessa época.

O Barroco tem seu marco inicial com a publicação do poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira em 1601. Estende-se por todo o século XVII e início do século XVIII.

O final do Barroco brasileiro só se concretizou em 1768; no entanto, já a partir de 1724, o movimento academicista ganha corpo, assinalando a decadência dos valores defendidos pelo Barroco e a ascensão do movimento árcade.

Como o homem dessa época vivia um estado de tensão e desequilíbrio, em decorrência do conflito entre o terreno e o celestial, o homem e Deus (antropocentrismo e teocentrismo), o pecado e o perdão, o amor também apresenta-se de forma conturbada. Ora há uma dimensão elevada, muitas vezes associada à noção de brevidade da existência, ora há uma dimensão obscena, onde a explosão dos sentidos (em versos crus e repletos de palavrões) representa um protesto contra os valores morais da época.

Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época.

A dualidade, a tensão e o conflito vivenciados pelo homem barroco também transparecem nas formas artísticas. A pintura do período acentua o contraste entre luz e sombra, ou claro e escuro. Iluminam-se intensamente as figuras, que se destacam em primeiro plano contra um fundo sombrio e quase indefinido.

A arquitetura e a escultura cultivam o desequilíbrio, criando formas irregulares e exageradas. No Brasil, destaca-se o artista mineiro Aleijadinho, que trabalhou na construção de igrejas e altares nas cidades de Minas Gerais. Utilizou como material de suas obras de arte, principalmente a pedra sabão, matéria-prima brasileira.

Principais características da produção artística:

  • Uso de recursos como antíteses, metáforas, paradoxo e sinestesia;
  • Pessimismo;
  • Linguagem muito rebuscada e obscura;
  • Intensidade, com a presença da hipérbole;
  • Preocupação com a morte: medo de ir para o inferno ou descobrir que o pecado não existia;
  • Presença de motivos religiosos. 

Principais autores e obras:

  • Os maiores autores dessa época são Gregório de Matos e Pe. Antônio Vieira.

 

GREGÓRIO DE MATOS GUERRA (1633-1693) 

Apelido: Boca do Inferno (devido linguagem maliciosa e ferina com que criticava pessoas e instituições da época).

Advogado formado em direito pela universidade de Coimbra. Foi o mais importante poeta do Barroco Brasileiro.

gregorio

Sua obra nunca foi publicada em vida, o que ocasionou muitos problemas de autoria. Permaneceu inédita até o século XX quando Afrânio Peixoto a reuniu em seis volumes, publicados no Rio de Janeiro, pela Academia Brasileira de Letras, entre 1923 e 1933:

I. Poesia Sacra;

II. Poesia Lírica;

III. Poesia Graciosa;

IV. e V. Poesia Satírica e VI. Últimas. 

 

PADRE ANTÔNIO VIEIRA (1608-1697)

Foi o maior pregador do seu tempo; defensor dos negros, dos índios e dos cristãos-novos (judeus convertidos). A defesa dos cristãos-novos e valeram-lhe o ódio da Inquisição que o processou por opiniões heréticas. Foi condenado a dois anos de reclusão em uma casa jesuítica e o impedimento de pregar. Anistiado por D. Pedro, regressou ao Brasil em 1681. Pertence tanto à nossa literatura quanto a portuguesa.

Sermão (quase duzentos). Os Principais são:

  • "Sermão da Sexagésima" (parábola do semeador) - O mais importante e polêmico dos seus sermões. Foi pregado na Capela Real de Lisboa, em março de 1655. Compõe-se de 10 pequenos capítulos, baseado no Evangelho segundo São Lucas: Semen est verbum Dei (A semente é a palavra de Deus). Esse sermão critica o estilo de outros pregadores (seus adversários católicos, os gongóricos dominicanos) que ao invés de pregarem servindo a Deus, o fazem para agradar aos homens.
  • "Sermão Pelo Bom Sucesso Das Armas De Portugal Contra As De Holanda" - Pregado na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, Bahia, em 1640. Vieira incita o povo a combater os invasores holandeses, realçando os horrores e depredações que eles fariam. O sermão ficou célebre pelo trecho conhecido como a "Apóstrofe Atrevida", onde questiona Deus, em pleno púlpito da igreja, com o Santíssimo Sacramento exposto: "Não me admiro tanto, Senhor, de que hajais de consentir semelhantes agravos e afrontas nas vossas imagens, pois já as permitistes em vosso sacratíssimo corpo; mas nas da Virgem Maria, nas de Vossa Santíssima Mãe, não sei como isto pode estar com a piedade e amor de Filho (...). Deus meu? (...). Sois o mesmo, ou és outro?". Se você tem interesse em "conhecer" a Apóstrofe Atrevida, clique Aqui!
  • "Sermão de Santo Antônio" (aos Peixes) – Pregado em São Luís do Maranhão, em 1654. Vieira critica os costumes e o aprisionamento dos índios.

Carta: cerca de quinhentas, versando sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, a Inquisição e as ações dos Jesuítas na colônia.

Profecia: "História do Futuro" e "Esperanças de Portugal". Publicados postumamente.Nestas obras, nota-se a defesa do sebastianismo – crença segundo a qual o rei D. Sebastião, não morrera em combate na África, voltaria em breve para elevar Portugal a uma posição de destaque.