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TÉCNICAS DE PESQUISA

CONCEITO

As técnicas de pesquisa estão relacionadas à coleta de dados (parte prática da pesquisa). Portanto, “as técnicas são conjuntos de normas usadas especificamente em cada área das ciências, podendo-se afirmar que a técnica é a instrumentação específica da coleta de dados” (ANDRADE, 1998, p.115).

As técnicas podem ser organizadas em dois tipos de procedimentos: a documentação indireta e a documentação direta

DOCUMENTAÇÃO INDIRETA

É a fase do levantamento de dados. É o primeiro passo de qualquer pesquisa e pode ser feito de duas formas: a pesquisa de fontes primárias (ou a pesquisa documental) e a pesquisa de fontes secundárias (ou a pesquisa bibliográfica, incluindo também a pesquisa na Internet, após a “invenção” do computador). 


Fontes primárias

Pesquisa documental, pode ser feita nas seguintes fontes de documentos:

Arquivos públicos: nacionais, estaduais e municipais. Nesses locais podem ser encontrados:

  1. Documentos oficiais: anuários, editoriais, leis, atas, relatórios, ofícios, correspondências, alvarás, panfletos etc.
  2. Documentos jurídicos: são documentos oriundos de cartórios, registros gerais de falência, inventários, testamentos, escrituras de compra e venda, hipotecas, nascimentos, casamentos, mortes etc.

Arquivos particulares: representados pelos:

  1. Domicílios particulares;
  2. Instituições de ordem privada;
  3. Instituições públicas, do tipo delegacias, postos etc.

Fontes estatísticas: IBGE, departamentos estaduais e municipais de estatística, IBOP (Instituto Brasileiro de Opinião Pública), Instituto Gallup etc.

Outras fontes:

  1. Iconografia (gravuras, estampas, desenhos, pinturas);
  2. fotografias;
  3. objetos;
  4. canções folclóricas;
  5. vestuário;
  6. folclore.

 

Fontes secundárias

Pesquisa bibliográfica: Esta etapa da pesquisa representa o levantamento das referências já publicadas e que esteja relacionada com o tema em estudo. A finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com o que foi escrito sobre determinado assunto. Nesse item estão incluídas a imprensa escrita, os meios audiovisuais, o material cartográfico, as publicações.

As fases da pesquisa bibliográfica são:

  1. Identificação: ou reconhecimento do assunto relacionado ao tema em estudo. É a fase também chamada de levantamento bibliográfico.
  2. Localização: após o levantamento bibliográfico é feita a localização das obras a serem utilizadas na pesquisa.
  3. Compilação: é a fase de reunir, de forma sistemática, o material bibliográfico.
  4. Fichamento: fase que corresponde à elaboração das fichas bibliográficas (para livros, textos, artigos, jornais...), possibilitando assim a identificação das publicações.

Pesquisa na internet: Ao mostrar os benefícios do uso da informática nas várias etapas da produção científica, Azevedo (1993, p.86) faz o seguinte comentário: “entre o velho, o novo e o novíssimo transita a produção científica quanto aos recursos para a coleta de dados”, e poderíamos acrescentar ainda a redação e editoração dos trabalhos científicos, Nesse sentido, a “Internet tornou-se uma indispensável fonte de pesquisa para os diversos campos de conhecimento” (SEVERINO, 2000, p.133) e junto com a pesquisa bibliográfica, integra as fontes secundárias.

 

DOCUMENTAÇÃO DIRETA

É a fase de levantamento de dados no próprio local onde os fenômenos ocorrem. Nessa etapa, os dados podem ser obtidos de duas maneiras: pesquisa de laboratório e pesquisa de campo.

Pesquisa de laboratório: é um procedimento de investigação mais difícil, porém mais exato; descreve e analisa o que será ou ocorrerá em situações controladas; exige instrumental específico, preciso e ambientes adequados. O objetivo vai depender do que propôs a analisar e deve ser previamente estabelecido e relacionado com determinada ciência ou ramo de estudo. As técnicas utilizadas irão variar de acordo com o estudo a ser feito. As experiências são feitas em recintos fechados (casas, laboratórios, salas) ou ao ar livre; em ambientes artificiais ou reais (de acordo com o campo da ciência que está realizando a pesquisa) e se restringem a determinadas manipulações (MARCONI; LAKATOS, 2003).

 

Pesquisa de campo: é usada com o objetivo de obter informações e/ou conhecimentos sobre o problema levantado para o qual se procura uma resposta, ou para a hipótese que se queira comprovar. Outro objetivo dessa fase é descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles (MARCONI; LAKATOS, 2003). Nessa etapa da pesquisa de campo, a coleta de dados constitui uma etapa importante, e não deve ser confundida com a pesquisa propriamente dita. É importante determinar as técnicas que serão usadas para coletar os dados, definir a amostra que deve ser representativa e suficiente para chegar às conclusões. Uma vez coletados os dados, esses serão elaborados, analisados, interpretados e representado de forma gráfica. Por último, será feita a discussão dos resultados da pesquisa, a partir da análise e interpretação dos dados (ANDRADE, 1998; MARCONI; LAKATOS, 2003). A coleta de dados pode ser feita utilizando-se das seguintes técnicas:

 

Observação direta intensiva

Observação: é uma técnica de coleta de dados para obter informações; utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. O importante dessa técnica não é apenas ver e ouvir, mas também examinar fatos ou fenômenos que se pretende estudar. As formas de observação podem ser assim descritas (ANDRADE, 1998, p.116):

  1. Sistemática: planejada, estruturada;
  2. Assistemática: não estruturada;
  3. Participante: o pesquisador participa dos fatos a serem observados;
  4. Não participante: o pesquisador limita-se à observação dos fatos;
  5. Individual: realizada apenas por um pesquisador;
  6. Em equipe: pesquisa desenvolvida por um grupo de trabalho;
  7. Na vida real: os fatos são observados “em campo” ou em ambiente natural;
  8. Em laboratório.


Entrevista:
de acordo com Marconi e Lakatos (2003) e Ribas (2004), a entrevista é o encontro entre duas pessoas para que uma delas possa obter informações sobre determinado assunto, por meio de uma conversação de natureza profissional. O objetivo é obter informações do entrevistado sobre determinado assunto ou problema. Os tipos de entrevistas são:

a) Padronizada ou estruturada: o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido e as perguntas são predeterminadas. A entrevista é realizada de acordo com o formulário elaborado. A(s) pessoa(s) entrevistada(s) é (são) selecionada(s), de preferência, de acordo com um plano. Pode-se utilizar o gravador.

b) Despadronizada ou não estruturada: o entrevistado tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considerar adequada. As perguntas são abertas e podem ser respondidas por meio de uma conversa informal. Este tipo de entrevista permite explorar mais amplamente uma questão. Deve-se utilizar o gravador.

c) Painel: nessa técnica, as perguntas são repetidas, periodicamente, às mesmas pessoas para estudo da evolução das opiniões em períodos curtos. As perguntas devem ser formuladas de maneira diversa, para que o entrevistado não faça distorção das respostas com essas repetições.

 

Observação direta extensiva: algumas sugestões

Questionário: é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas, por escrito, e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador. Depois de preenchido, o pesquisado devolve o questionário do mesmo modo. Junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta, explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro de um prazo razoável. O questionário deve ter natureza impessoal para assegurar uniformidade na avaliação da pesquisa abordada. Em média, os questionários expedidos pelos pesquisadores alcançam 25% de devolução (MARCONI; LAKATOS, 2003; RIBAS, 2004). 


Formulário:
é um instrumento que se caracteriza pelo contato face a face entre pesquisador e informante. A diferença entre o questionário é que o formulário pode ser usualmente preenchido pelo próprio investigador. Uma das vantagens que o informante recebe do pesquisador, podendo inclusive reformular a proposta, esclarecer algumas perguntas, dar explicações, ou seja, ajustar o formulário à experiência e à compreensão de cada informante. Por isso, pode englobar questões mais complexas que o questionário (RIBAS, 2004; MARCONI; LAKATOS, 2003).


História oral:
para Freitas (2002, p.18), especialista no assunto, história oral é

um método de pesquisa que utiliza a técnica da entrevista e outros procedimentos articulados entre si, no registro de narrativas da experiência humana [...] De abrangência multidisciplinar [a história oral] tem sido sistematicamente utilizada por diversas áreas das ciências humanas: História, Sociologia, Antropologia, Lingüística, Psicologia, entre outras:

Para a referida autora, a história oral pode ser dividida em três gêneros distintos: tradição oral, história de vida, história temática assim caracterizados (FREITAS, 2002, p.17-22):

a)  Tradição oral: presente nas comunidades tribais e nas sociedades rurais e urbanas como forma de preservar a sabedoria dos ancestrais (2002, p.19).

b)  História de vida: um relato autobiográfico, mas do qual a escrita – que define a autobiografia – está ausente. Na história de vida é feita uma reconstituição do passado, efetuado pelo próprio indivíduo, sobre o próprio indivíduo. Esse relato – que não é necessariamente conduzido pelo pesquisador – pode abranger a totalidade da existência do informante. Para tanto, seriam necessárias inúmeras horas de gravação (2002, p.21).

c)  História oral temática: a entrevista tem caráter temático e é realizado com um grupo de pessoas, sobre um assunto específico. Essa entrevista – que tem característica de depoimento – não abrange necessariamente a totalidade da existência do informante. Dessa maneira, os depoimentos podem ser mais numerosos, resultado em maiores quantidades de informações, o que permite uma comparação entre eles, apontando divergências, convergências e evidências de uma memória coletiva, por exemplo (2002, p.22).

Ver também CHIZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991.

Grande parte das idéias desse item estão baseadas em MARCONI; LAKATOS, 2003

Para maiores informações sobre pesquisa de campo ver: FACHIN, O. Fundamentos de metodologia. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.