REDAÇÃO DO TEXTO CIENTÍFICO
Ao escrever um trabalho científico, o pesquisador deve seguir os padrões exigidos pela ciência. Entretanto, muitos não dominam a linguagem científica, indicando uma deficiência na formação desses investigadores.
A correção dessa falha exige muito esforço, paciência e disposição para gastar o tempo que for necessário para superar as dificuldades.
Acima de tudo deve-se ter humildade, para reconhecer as próprias limitações e trabalhar continuamente para eliminá-las. Produzir um texto adequado é tarefa árdua e demorada mesmo para aqueles que dominam a linguagem científica. (VALENTTI, s/d, p.7).
A partir dessas considerações, algumas “sugestões” de como escrever um trabalho científico serão apresentadas para tornar o texto claro e objetivo.
Princípios de uma boa comunicação
- Organize um roteiro com as idéias e a ordem em que serão apresentadas, antes de iniciar a redação.
- Faça uso de um dicionário e de uma gramática sempre que surgirem dúvidas.
- Torne a leitura fácil e agradável, escrevendo frases curtas e parágrafos breves. Comece parágrafos importantes com sentenças-chave, indicando o que virá em seguida. Conclua com parágrafo resumido.
- Use os verbos nos mesmos tempos e os pronomes nas mesmas pessoas. Escolha um tratamento e mantenha-se nele ao longo do trabalho.
Sugestão
VOZ ATIVA (dê preferência a esta forma de redigir):
Organizamos a relação de dados de acordo com o levantamento feito no Cartório de Registro Civil. (VOZ ATIVA)
VOZ PASSIVA
a) A relação de dados foi organizada de acordo com o levantamento feito no Cartório de Registro Civil.
b) Organizou-se a relação de dados de acordo com o levantamento feito no Cartório de Registro Civil.
5. Evite os circunlóquios: vá direto ao assunto e faça as afirmações de forma forte, não só para criar impacto, mas para marcar bem suas posições.
Circunlóquio |
Uso mais adequado |
Parece-me que a empresa, devido talvez à má administração, está em dificuldades financeiras. |
Os balancetes mostram que a empresa está em dificuldades financeiras. |
O último, mas não menos importante... |
Por último... |
Nós, de nossa parte, temos esperança que a falta de vagas para professor seja resolvida de forma rápida. |
Esperamos que o edital do concurso para preenchimento de vagas docentes seja publicado no prazo de cinco dias. |
Se de alguma forma for possível... |
Se for possível. |
6. Evite apelar para as “falácias lógicas”. O texto deve ser escrito segundo parâmetros éticos, com absoluto respeito aos objetos de estudos, às fontes empregadas e aos leitores (AZEVEDO, 1993).
Exemplo de falácias lógicas:
- “Quem for inteligente, concordará com nossa hipótese”... (apelo à vaidade do leitor).
- “Gostaria de ter me aprofundado no assunto, mas não foi possível”... (apelo à bondade do leitor para relevar falhas do redator).
- “Porque Demerval Saviani disse”... (apelo à autoridade de um autor).
7. Evite o uso de advérbios vagos e adjetivação desnecessária.
Exemplos:
a) Advérbios: muito; pouco; razoavelmente; atualmente...
b) Adjetivação desnecessária:
Incorreto |
Correto |
Absolutamente perfeito |
Perfeito |
Bem verdadeiro |
Verdadeiro |
Quase perfeito |
Imperfeito |
Muito relevante |
Relevante |
8. Evite o uso de:
- ecos (ex. “... eliminação da vegetação”)
- cacófatos (ex. “... uma por cada”... soa como “uma porcada”).
- regionalismo, jargões (Input; Output), modismos, palavras e frases longas: prefira as palavras conhecidas.
9. Não use eufemismo, porque a linguagem acadêmica não permite esse tipo de linguagem.
Ex. as pessoas não “falecem” – elas “morrem”.
10. Evite o uso de gírias: só devem ser empregadas se forem transcrição de depoimentos.
11. Ao usar palavras estrangeiras, estas devem ser grafadas em itálico ou com aspas simples.
Ex.: status quo, ‘status quo’
12. Peça alguém para revisar seu trabalho. Uma redação incorreta pode indicar negligência de sua parte e impressionar mal o leitor.
DICAS PARA REDAÇÃO DE TRABALHO ACADÊMICO
1) Escreva frases breves e parágrafos curtos. Diga o que quiser no menor espaço que conseguir. Não alongue as frases com o uso abusivo de “o qual”, “cujo” e gerúndios. Você terá menos chances de parecer complicado.
2) Encadeie as frases e os parágrafos logicamente [...], desembocando naturalmente no que vem a seguir. Você terá menos chance de parecer ter “composto” uma colcha de retalhos.
3) Evite apelar para generalizações (do tipo: “a maioria acha”, “todos sabem”). Você terá menos chance de parecer superficial.
4) Evite repetir palavras, especialmente verbos e substantivos. Use sinônimos. Você terá menos chance de parecer possuir um vocabulário pobre.
5) Evite modismos lingüísticos, como “em nível de”, “colocação”, “Gadotti vai dizer que...”, etc. Você terá menos chance de parecer um “deslumbrado” com o jargão universitário.
6) Evite tautologias, como “os alunos são a razão de ser da Escola Prof. Delgado.” Cada frase deve ser produto de uma reflexão. Você terá menos chance de parecer apressado.
7) Abstenha-se de superlativos, aumentativos, diminutivos e adjetivos em demasia. Você terá menos chance de parecer pernóstico.
8) Faça poucas citações diretas; opte por reescrevê-las, creditando-as aos seus autores. Você terá menos chance de ser tido como um mero compilador.
9) Use as notas de rodapé para definições e informações que, embora sucessivas, acabam truncando por demais o texto. Você terá menos chance de parecer óbvio.
10) Lembre-se que você está escrevendo para um leitor real. Não vale a pena escrever para não ser lido.
(AZEVEDO, 1993, p.24)