Espaço geográfico: corresponde ao espaço construído e alterado pelo homem, podendo ser definido como o palco das realizações humanas nas quais estão as relações entre os homens e desses com a natureza. O espaço geográfico abriga o homem e todos os elementos naturais, tais como relevo, clima, vegetação e tudo o que nele está inserido.
Inicialmente o espaço geográfico apresentava apenas os aspectos físicos ou naturais presentes. O surgimento do homem - desde o mais primitivo - e sua interferência no meio a partir do corte de uma árvore para a construção de um abrigo e para caça transformou e impactou esse espaço e é disso que trataremos neste blog.
Primeiramente as transformações do meio através do homem eram quase insignificantes, já que tudo o que era retirado da natureza era apenas para sanar as necessidades básicas de sobrevivência, também chamadas de meios de existência.
O conjunto de atividades realizadas continuamente pelo homem modifica o espaço geográfico. A partir da Primeira Revolução Industrial o homem intensificou a retirada de recursos naturais a fim de suprir a população, já que uma vez que esta cresce, cresce também o consumo de alimentos e bens de consumo.
Indústria: nasceu entre os séculos XVIII e XIX, com o surgimento das máquinas e a diversificação dos meios de se obter energia. Inicialmente as indústrias se estabeleciam próximas às bacias de carvão mineral – principal fonte de energia da época. As concentrações industriais geraram grandes centros urbanos, com mercados consumidores e mão de obra, infraestrutura e transporte, gerando uma dinâmica de crescimento chamada de economia de aglomeração.
Porém, alguns fatores fazem com que as indústrias fujam para o interior: o desenvolvimento tecnológico, que possibilitou que o petróleo e a eletricidade se tornassem as fontes de energia mais utilizadas; os meios de transporte se desenvolveram enormemente; na região fabril o sindicato é mais forte, o preço das terras e os impostos elevaram-se e o trânsito torna-se cada vez pior. Juntamente com os fatores que expulsam as indústrias das grandes cidades há os fatores que atraem, como: a presença de matéria prima, fontes de energia, mão de obra barata e qualificada, mercado consumidor, infraestrutura de transporte e telecomunicações e incentivos fiscais.
Industrialização Clássica
É aquela que se vincula à Revolução Industrial (ou 1.a Revolução Industrial, pelo critério tecnológico), cujo país pioneiro foi a Inglaterra, no período 1750 - 1850, estendendo-se posteriormente aos demais países da Europa Ocidental (França, Bélgica, Alemanha, etc.), aos EUA e ao Japão.
Nesse processo de industrialização, a máquina a vapor teve um papel essencial; o carvão mineral constituiu-se na principal fonte de energia e as zonas industriais já nasciam junto às reservas minerais, particularmente nas proximidades das bacias carboníferas. Dessa forma, até os dias de hoje, extensas concentrações industriais localizam-se próximo de matérias primas, ou fortemente dependentes de sistemas de transportes que permitem acessá-las. Vamos enumerar algumas delas:
- Vale dos rios Reno e Ruhr, na Alemanha, em cidades como Colônia, Düsseldorf, etc.;
- A Bacia do Tâmisa, as Midlands, o Eixo Manchester - Liverpool, na Inglaterra;
- A região de Calais, a Bacia de Paris e região da Alsácia e Lorena na França;
- O Nordeste dos EUA.
No caso do Japão, o padrão de localização industrial obedeceu a diferentes imperativos: a carência de recursos naturais favoreceu a implantação de gigantescos pólos industriais nas zonas portuárias, articulados com esquemas de importação maciça de ferro, carvão mineral, petróleo e toda sorte de recursos minerais.
Da segunda metade do século XIX ao início do século XX, uma 2.a Revolução Industrial dominou o processo produtivo. O desenvolvimento da eletricidade e dos motores a combustão interna foram suas marcas principais; paralelamente, teve curso um extraordinário aperfeiçoamento da metalurgia e da siderurgia, o desenvolvimento do setor petroquímico e a afirmação do automóvel como o carro-chefe do setor de bens de consumo.
Esta segunda etapa intensificou ainda mais a concentração espacial das indústrias.
Industrialização Planificada
Nos países que implantaram economias socialistas, durante parte do século XX, o processo industrial estruturou-se de modo diferente. A dependência dos recursos naturais evidentemente não era superada e a planificação econômica criou sistemas combinados de extrativismo de recursos naturais e produção industrial. O Estado, porém, optava muitas vezes por uma maior dispersão espacial das indústrias.
No caso da ex-URSS, por exemplo, muitas zonas industriais foram implantadas em áreas distantes de Moscou, objetivando uma melhor ocupação dos vastos vazios demográficos, dentro das preocupações de defesa do território, na ótica geopolítica da Guerra Fria.
Eis algumas concentrações industriais do antigo bloco soviético:
- Moscou, São Petersburgo, Donbass e região dos Urais, na URSS;
- Região da Silésia, na Polônia;
- Região da Boêmia, na atual República Tcheca.
Industrialização Tardia
Os países subdesenvolvidos, outrora agrupados dentro do "Terceiro Mundo", tiveram uma industrialização bem posterior ao nascimento das grandes potências industriais. Esse processo consolidou-se fundamentalmente logo após a 2.a Guerra Mundial e apoiou-se nos seguintes fatores:
- atuação do Estado na infra-estrutura e na indústria de base;
- estratégia de "substituição de importações", através de políticas protecionistas (restringindo as importações de bens industriais) e fomento à nascente indústria nacional;
- estímulo à implantação de filiais das empresas transnacionais ou multinacionais, principalmente no setor de bens de consumo duráveis (automobilísticas e eletro-eletrônicas, por exemplo);
- produção voltada essencialmente para o mercado interno.
A industrialização dos países subdesenvolvidos também gerou significativas concentrações industriais, algumas das quais estão relacionadas a seguir:
- Sudeste do Brasil;
- Grande Buenos Aires, na Argentina;
- Eixo cidade de México - Guadalajara - Monterrey;
- Cidade do Cabo e Johanesburgo, na África do Sul.
A industrialização dos "Tigres Asiáticos"
Os países do Extremo Oriente e Sudeste Asiático passaram por um processo de industrialização com características diferentes dos países latino-americanos. Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong (hoje incorporado à China) industrializaram-se sob as seguintes condições:
- direcionamento da economia para o mercado externo, constituindo verdadeiras "plataformas de exportação";
- parceria entre o Estado e os conglomerados empresariais capazes de ocupar posições vantajosas no mercado internacional;
- emprego de mão-de-obra barata, embora beneficiada por grande investimento em educação;
- ética voltada para a disciplina, o trabalho e sentimento de coesão nacional.
O fenômeno da desconcentração geográfica da indústria
A 1ª Revolução Industrial, situada historicamente entre 1750 e 1850, foi baseada na máquina a vapor e no carvão mineral.
A 2ª Revolução Industrial fundamentou-se na eletricidade, na siderurgia, no motor a combustão interna e, portanto, na dependência do petróleo.
Atualmente, vivemos uma 3.a etapa tecnológica: a era da microeletrônica, das tecnologias de informação, da robótica e da biotecnologia. As novas conformações do trabalho e da produção capitalistas, aliadas a esses novos padrões técnicos e científicos, impuseram intensas transformações às indústrias. São várias as estratégias indispensáveis à atual economia, altamente competitiva, integrada e globalizada. Entre elas, podemos citar:
- a automação do processo produtivo, com a substituição da mão-de-obra por equipamentos automatizados;
- exigência de trabalho cada vez mais qualificado;
- reestruturação da linha de montagem, com maior integração entre as tarefas ou etapas do processo produtivo (superando o antigo e rígido sistema taylorista);
- flexibilização das normas do trabalho, que possam restringir a atividade das empresas;
- o sistema "just-in-time", que consiste na redução ao mínimo dos estoques das empresas (a expansão dos transportes e das comunicações permite atualmente que se atenda aos clientes com maior rapidez, evitando-se os gastos com manutenção desses estoques).
Já não estamos no tempo em que as indústrias procuravam a proximidade das antigas concentrações, na antiga ótica de localização espacial, cujo lema era "indústria atrai indústria". A modernização dos transportes, o uso de novos materiais, a dependência da pesquisa científica e a velocidade das inovações tecnológicas libertaram as indústrias das áreas tradicionais.
No passado, a tendência era a de concentração espacial das indústrias, uma vez que era muito vantajoso, de fato, aproveitar-se a infra-estrutura já instalada nessas regiões. Obedecia-se também à lógica de complementaridade produtiva entre as indústrias.
Entretanto, as grandes concentrações industriais tornaram-se muito onerosas para as empresas, devido ao alto preço dos terrenos, aos problemas ambientais, aos custos elevados que o trânsito intenso e caótico representa e, até mesmo, ao fortalecimento dos movimentos sindicais que tendem a elevar os padrões salariais. Esse fenômeno ocorre tanto nos países centrais da economia capitalista, como naqueles considerados "emergentes".
Os Estados Unidos, por exemplo, passam atualmente por um processo de descentralização industrial; o enorme cinturão industrial localizado no nordeste do país - denominado manufacturing belt - parece ter atingido um ponto de esgotamento. Dentro do novo padrão espacial as indústrias estão se deslocando para o sul e para o leste, buscando áreas onde os custos de produção são menores ou a proximidade de universidades e centros de pesquisa, geradores de novas tecnologias. Entre as cidades que mais crescem pode-se citar Dallas, Houston, Phoenix, Atlanta, São Francisco, Los Angeles, Seattle, entre outras.
Forma-se, assim, um novo cinturão industrial - denominado Sun Belt - que se estende entre o sul e a costa oeste do país, incluindo áreas de acelerado desenvolvimento, nos setores de ponta. A Califórnia, por exemplo, tem se destacado nas áreas de informática e microeletrônica; na cidade de Houston, no Texas, os setores mais desenvolvidas são o petroquímico e o aeroespacial; Seattle é sede da mais importante indústria aeronáutica - a Boeing.
A nova divisão do trabalho e da produção no mundo
Desde a década de 1970, a concentração de capitais, o domínio das tecnologias de ponta e a grande desigualdade de desenvolvimento entre os países convergiam para a formação de novos padrões espaciais da produção industrial. Na década seguinte, o aperfeiçoamento dos transportes e das tecnologias de informação permitiram grande dispersão da produção de peças e componentes industriais. Atualmente, os três principais pólos industriais - EUA, União Européia e Japão - concentram-se em determinadas funções da atividade econômica e dispersam suas empresas pelo mundo, aproveitando incentivos, facilidades e custos vantajosos de países menos desenvolvidos:
- As empresas transnacionais preferem concentrar em suas sedes, nos países desenvolvidos, atividades como pesquisa, desenvolvimento tecnológico, gerência e marketing.
- A montagem dos produtos cada vez mais é transferida para os países emergentes, onde os custos de produção são mais baixos (terrenos mais baratos, salários menores, leis ambientais menos severas, etc.).
O caso brasileiro
Inicialmente precisamos lembrar que durante o período colonial o Brasil sofreu fortes restrições por parte da Coroa portuguesa que impedia a instalação de indústrias em nosso país que concorressem com sua produção ou que ferissem seus interesses comerciais na Europa e no Mundo. Mesmo após a independência o desenvolvimento industrial foi seriamente limitado pelas relações comerciais com os ingleses, maior potência da época. Em 1844, coma adoção de tarifas protecionistas mais elevadas, o Império começa a tomar medidas para promover o desenvolvimento do setor industrial no Brasil. Outros fatores trouxeram contribuição ou foram muito relevantes nesse desenvolvimento:
Cafeicultura: foi responsável pela atração dos imigrantes. Parte deles fixou-se em áreas urbanas constituindo a mão-de-obra assalariada para a indústria e, ao mesmo tempo, mercado consumidor. Além disso, a cafeicultura permitiu um acúmulo de capitais, mais tarde aplicado em atividades diversificadas, no setor bancário e industrial, e contribuiu para a expansão da rede ferroviária e melhoria das instalações portuárias, melhorando a rede de transporte.
As Guerras Mundiais: durante as Guerras Mundiais, com a dificuldade de manter o comércio importador com a Europa, procura se desenvolver aqui no Brasil uma industrialização para substituição dos produtos importados e atender o mercado consumidor interno.
Governos de Getúlio Vargas: a crise na cafeicultura, as mudanças políticas do período Vargas (substituição de uma oligarquia exportadora pela burguesia urbana e industrial) desviam os investimentos para o setor secundário. Impulsiona-se a indústria de base com a criação da CSN (Companhia Siderurgia Nacional), em 1946 e da PETROBRAS em 1953. Também após o término da Segunda Guerra Mundial as importações de equipamentos industriais apresentam um aumento o que indica uma fase decrescimento nesse setor.
Governo de JK: através do Plano de Metas ampliam-se os investimentos na infra-estrutura necessária para o desenvolvimento da indústria (energia, rede de transportes). Começa a aumentar a participação do Estado em setores estratégicos como energia, mineração, transportes e criam-se estímulos para a atração dos investimentos estrangeiros tanto no setor pesado como na indústria de bens de consumo duráveis (automobilística).
Governos militares: trata-se de uma fase que alterna períodos de estagnação e recessão com outros de forte crescimento (como no milagre brasileiro entre 1969 e 1973). Amplia-se a diversificação da indústria no Brasil. Adota-se uma política de incentivos às exportações, continua a atração do capital estrangeiro setores de tecnologia mais avançada começam a mostrar uma maior evolução (setor aeronáutico, bélico, nuclear e espacial). A política salarial adotada é prejudicial aos trabalhadores e o modelo econômico que é seguido leva a maior concentração de renda no período.
Redemocratização e década de 1990: fase em que a economia globalizada toma força e políticas econômicas neoliberais. Progressivamente há uma abertura do mercado interno brasileiro, até então muito protegido, o que eleva as importações e confirma-se a falta de competitividade do setor industrial brasileiro no mercado externo. Para competir, ou sobreviver, esse setor empreende uma rápida evolução tecnológica, empreende esforços pela qualidade e pela redução de custos, o que provoca um aumento do desemprego e falência ou venda de muitas empresas incapazes de enfrentar essa nova realidade. Ao mesmo tempo, as necessidades de diminuir o tamanho do Estado e de seus gastos (incapaz até mesmo de atuar com eficiência em setores essenciais para a sociedade) levam ao desenvolvimento de uma política de privatização de empresas estatais, como no setor siderúrgico (processo que leva, ao mesmo tempo, a uma capitalização para fazer frente ao pagamento de obrigações financeiras). Desenvolvem-se reformas no Estado, como no setor previdenciário. É criado o Mercosul que, por um lado, expande o mercado de consumo para a produção industrial brasileira e, por outro, aumenta a concorrência com as indústrias de nossos vizinhos. Apesar de tudo, chega-se ao final do século XX e início do século XXI com a certeza de que o Brasil ainda precisa definir uma política industrial que permita um fortalecimento das empresas nacionais, maior criação de empregos, estímulos para o setor exportador, além da continuidade do processo de fortalecimento das indústrias para aumentar sua qualidade e competitividade.
Distribuição geográfica das indústrias
Observa-se uma tendência à maior dispersão geográfica desse setor nos últimos quinze anos, mas ainda é forte a concentração na Região Sudeste. Podemos destacar:
Região Sudeste: as maiores concentrações industriais se encontram nas Regiões Metropolitanas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. Destacam-se também a Baixada Santista (Cubatão), o Vale do Paraíba, a Região de Campinas e crescimento do setor na Região de Vitória, Triângulo Mineiro, além de várias cidades no oeste paulista e sul de Minas Gerais;
Região Sul: são importantes as Regiões Metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre, além do Vale do Itajaí (SC) e Serras Gaúchas;
Região Nordeste: as maiores concentrações industriais estão em suas regiões metropolitanas: Salvador, Recife e Fortaleza;
Região Norte: é pouco industrializada destacando-se a Zona Franca de Manaus e a Região de Belém;
Região Centro-Oeste: possui um modesto setor industrial sem a formação de grandes centros. As indústrias encontram-se espalhadas pelas principais cidades da Região.
O que ocorre atualmente com a concentração industrial da Grande São Paulo, particularmente o ABCD, é um exemplo muito ilustrativo. Essa área encontra-se praticamente saturada e acarreta custos muito elevados para as empresas. Atualmente, muitas indústrias estão preferindo localizações alternativas como o interior de São Paulo, o Vale do Paraíba fluminense e o sul de Minas. Observa-se também que muitas indústrias têxteis estão se transferindo para o Nordeste, onde o custo da mão-de-obra é menor; por outro lado, empresas que lidam com tecnologias mais avançadas preferem a proximidade de universidades e centros de pesquisa, como é o caso das cidades de Campinas, São Carlos e São José dos Campos, caracterizadas como tecnopólos do estado de São Paulo.
A montadora Mercedes Benz, por exemplo, optou por uma localização alternativa às grandes concentrações industriais como o ABCD, em São Paulo, a área metropolitana do Rio de Janeiro ou a Grande Belo Horizonte. A escolha recaiu sobre a cidade de Juiz de Fora, no sul de Minas Gerais, que apresenta vantagens e baixos custos de produção, proximidade com o Quadrilátero Ferrífero, no centro do estado, além do fato de ser bem servida por rede de transportes e não estar situada muito longe dos principais centros urbanos.
Destaques no setor industrial
Passamos a analisar sucintamente alguns setores industriais de maior destaque no Brasil e que, historicamente, tem se mostrado serem os mais importantes ou pelo valor da produção ou pelo número de empresas e de funcionários.
Observa-se recentemente maior aquecimento em setores como ode papel e papelão (embalagens - o que parece ser um sinal de aquecimento da economia), além dos setores de borracha, metalúrgico e têxtil.
Siderurgia: o Brasil está entre os dez maiores produtores de aço no mundo iniciando maior desenvolvimento a partir da entrada em funcionamento da CSN em 1946, no município de Volta Redonda - RJ. A maior parte das siderúrgicas brasileiras concentra-se no Sudeste devido à proximidade do ferroe manganês do Quadrilátero Ferrífero - MG, da boa rede de transportes (ferrovias, proximidade de portos) e do mercado consumidor (representado pelas indústrias que consomem o aço).
Podemos destacar:
- MG: USIMINAS, ACESITA e Belgo-Mineira;
- RJ : CSN (Companhia Siderúrgica Nacional);
- SP: COSIPA (Companhia Siderúrgica Paulista);
- ES: CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão).
Química: setor que ainda promove uma abertura e modernização. Sua produção também é crescente com grande destaque para o setor petroquímico. A entrada do capital estrangeiro nesse setor e a quebra do monopólio da PETROBRAS trazem a perspectiva de grande aumento da produção e de aumento dos investimentos. Outro destaque é a produção de adubos e fertilizantes. Reúne ainda as produções de cosméticos e perfumaria. Permanecem ainda problemas na Química Fina que envolve uma tecnologia mais avançada como no setor químico-farmacêutico.
Automobilística: inicialmente com forte concentração na região do ABC, a partir dos anos 70 inicia uma maior dispersão geográfica deslocando-se para Betim-MG (FIAT) e Vale do Paraíba nos anos 80 (Taubaté e São José dos Campos). As mudanças empreendidas na década de 90 alteram bastante o perfil desse setor. A abertura do mercado interno provocou a necessidade de produzir um automóvel de melhor qualidade. Posteriormente, a entrada de novas montadoras (como a Renault, Peugeot, Toyota, Mitsubishi e Audi) diversifica a oferta de produtos e aumenta a produção. O Brasil começa a se tornar uma plataforma de produção para vendas não só no mercado interno, mas também para exportação. O baixo nível de renda no país, a ausência de estímulos mais eficazes para o setor exportador e a ocorrência de crises no país ou importadas de outros, ainda tem provocado instabilidades no setor com quedas na produção e nas vendas. Trata-se também de uma indústria que atualmente poupa mão-de-obra e terceiriza muitas etapas da produção. Geograficamente, apresenta maior dispersão pelo território mas ainda concentrada na Região Sudeste onde é maior o mercado consumidor.
O que ocorre atualmente com a concentração industrial da Grande São Paulo, particularmente o ABCD, é um exemplo muito ilustrativo. Essa área encontra-se praticamente saturada e acarreta custos muito elevados para as empresas. Atualmente, muitas indústrias estão preferindo localizações alternativas como o interior de São Paulo, o Vale do Paraíba fluminense e o sul de Minas. Observa-se também que muitas indústrias têxteis estão se transferindo para o Nordeste, onde o custo da mão-de-obra é menor; por outro lado, empresas que lidam com tecnologias mais avançadas preferem a proximidade de universidades e centros de pesquisa, como é o caso das cidades de Campinas, São Carlos e São José dos Campos, caracterizadas como tecnopólos do estado de São Paulo.
A montadora Mercedes Benz, por exemplo, optou por uma localização alternativa às grandes concentrações industriais como o ABCD, em São Paulo, a área metropolitana do Rio de Janeiro ou a Grande Belo Horizonte. A escolha recaiu sobre a cidade de Juiz de Fora, no sul de Minas Gerais, que apresenta vantagens e baixos custos de produção, proximidade com o Quadrilátero Ferrífero, no centro do estado, além do fato de ser bem servida por rede de transportes e não estar situada muito longe dos principais centros urbanos.
Têxtil: apresenta maior crescimento após a Segunda Guerra Mundial, mas, obsoleta nos anos 80, passa a enfrentar sérias dificuldades com a progressiva abertura do mercado interno, especialmente durante os anos 90 com a entrada do produto asiático que utiliza uma mão-de-obra muito barata. Essa mesma abertura facilita o re-equipamento desse setor com a compra de novas máquinas. Promove-se também uma modernização administrativa e na produção. Várias indústrias têxteis não suportaram o quadro decorrente dessa abertura e fecharam as portas nos anos 90. As que sobreviveram parecem estar mais competitivas. A indústria têxtil dissemina-se por todo o país com maior concentração nas Regiões Sudeste e Sul.
Alimentícia: a produção brasileira é muito diversificada, de boa qualidade e conta com a presença de algumas grandes multinacionais. Também se encontram bastante dispersas pelo território com maior concentração no Sudeste e no Sul (maior mercado consumidor, não só na quantidade mas também observando-se o nível de renda da população). É um setor com fortes ligações com a agropecuária preocupando-se com a procedência da matéria-prima (regularidade na quantidade e qualidade) e, assim, acaba por influenciar muito a vida do produtor rural. A exportação de alimentos industrializados tem apresentado crescimento. Essa indústria reúne o setor do açúcar, leite e derivados, óleos vegetais, massas, bebidas (como sucos, refrigerantes, vinho e aguardente), carne e derivados, doces, chocolate, sorvete e outros.
Observe que, apesar do aumento dos níveis de produção industrial na década de 1990, o número de empregos na indústria de transformação decaiu. É uma indústria, atualmente, que procura poupar mão-de-obra, reduzir custos e aumentar sua eficiência e qualidade.
Assista agora a revisão sobre Industria com o Prof. Yomar Seixas: