A coleta de frutos e raízes constitui uma das mais primitivas maneiras de extração dos meios de subsistência do homem. No entanto, essa atividade, chamada de extrativismo vegetal, ainda é praticada. Corresponde à coleta de produtos retirados da natureza.
Madeira: as florestas cobrem grande extensão do território brasileiro garantindo a existência de numerosas espécies de madeira para usos diversos. A mata de araucárias fornece madeira principalmente para a produção de papel e celulose. Trata-se de uma floresta homogênea e aberta que facilita muito a extração. Atualmente cultivam-se florestas com espécies não-nativas de crescimento mais rápido nas áreas em que as araucárias já foram retiradas. A Mata Atlântica, apesar da proteção oficialmente estabelecida, continua a sofrer com a exploração ilegal de suas espécies. A Floresta Amazônica produz muitas madeiras-de-lei (exemplo: mogno) e o extrativismo está concentrado nas áreas periféricas dessa floresta, em locais de acesso mais fácil e/ou cortadas por rodovias. É preocupante a entrada de madeireiras asiáticas que passam a atuar na região e a continuidade do corte ilegal apesar do reforço na fiscalização dos órgãos competentes. Muitas florestas brasileiras são heterogêneas e a dispersão das árvores de mesma espécie contribui para o desperdício nessa extração. É importante lembrar também que a maior parte da madeira cortada na Amazônia é consumida no mercado interno, principalmente em São Paulo.
No Brasil destacam-se na produção de madeira os Estados do Pará, Rondônia, Mato Grosso e Paraná.
Castanha-do-pará: sua extração ocorre principalmente no leste do Pará. É um produto de utilização interna e exportação (Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra). O fruto da castanheira é o ouriço, no interior do qual se encontram as castanhas utilizadas como alimento e matéria prima para alguns setores industriais como cosméticos. O Pará mantém a liderança nacional, mas comum a produção em queda, assim como as exportações desse produto. O avanço do corte da madeira e da pecuária na Amazônia e a entrada da Bolívia no mercado internacional têm contribuído para a redução da produção e das exportações.
Açaí/palmito: palmeira típica da região Amazônica (aproximadamente 25metros de altura) da qual tudo se aproveita: raízes, caule, frutos, folhas e palmito. Os frutos destinam-se mais ao mercado local e o palmito para exportação. A madeira e as folhas são empregadas, por exemplo, na construção de casas. O fruto é um pequeno coco que produz o suco e o vinho de açaí. O açaizeiro hoje responde pela maior parte da produção de palmito no Brasil devido à quase extinção desse recurso na Mata Atlântica em decorrência de uma extração ilegal e predatória. Desenvolve-se nas terras firmes e várzeas da Amazônia.
Seringueira: o extrativismo do látex responde hoje por uma pequena parte da produção nacional de borracha e está concentrado no sudoeste da Amazônia (Acre, Amazonas e Rondônia). O auge na extração do látex no Brasil ocorreu entre 1870 e 1910, levando milhares de nordestinos para o Acre (incorporado ao território brasileiro após acordo com a Bolívia). O contrabando de sementes de seringueira do Brasil, transplantadas no sudeste asiático comprometeu o domínio brasileiro no mercado mundial. O ciclo da borracha chegou ao final, não conseguindo resistir à concorrência asiática. Atualmente, além de o país importar borracha, a maior parte da produção interna é conseguida pelo cultivo de seringueiras, como ocorre no oeste de São Paulo.
Lenha/carvão vegetal: madeiras menos nobres no Brasil são utilizadas como lenha ou queimadas para a produção de carvão vegetal. Eliminar a utilização de mão-de-obra de crianças nos fornos de produção de carvão vegetal no país é uma das atuais preocupações na área social. Essa produção de lenha/carvão vegetal abastece tanto o consumo doméstico como estabelecimentos comerciais (padarias, pizzarias, churrascarias) e também indústrias irregularmente abastecidas por carvão mineral e que buscam no carvão vegetal uma alternativa. A utilização desse recurso tem diminuído no país (provoca conseqüências prejudiciais ao meio ambiente), mas já contribuiu muito para o desmatamento no Sudeste e Centro-Oeste.
Babaçu: palmeira com aproximadamente 20 metros de altura com maior produção no Maranhão e Tocantins. Seus frutos produzem amêndoas ricas em graxas e gorduras com aplicação industrial (esmagamento para a produção de óleo) e alimentícia. Pesquisas procuram desenvolver o uso do óleo de babaçu como combustível. As folhas servem para a confecção de esteiras, cestos e quando derrubado, também se aproveita o palmito do babaçu. Mas seu uso permanece marginal e basicamente como produto de subsistência.
Carnaúba: palmeira com aproximadamente 15 metros de altura encontrada no Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, com grande utilização. O fruto serve como alimento, o caule fornece madeira resistente e das folhas se extrai a cera de carnaúba, com várias aplicações industriais. As folhas são usadas para a cobertura de casas, para confeccionar chapéus e cordas. Os carnaubais são espaçados e ensolarados acompanhando várzeas de rios intermitentes no Nordeste.
Piaçava, coco, castanha-de-caju e buriti: são outros importantes produtos de extrativismo no Nordeste. A piaçava fornece fibras mais duras, utilizadas na confecção de vassouras e cordas para navios. É uma palmeira nativa e endêmica do sul da Bahia, desenvolvendo-se em solos de baixa fertilidade. O coco do litoral nordestino, trazido da Ásia pelos portugueses, tem ampla utilização: folhas para cobertura, casca do fruto para confecção de cordas, palmito para alimentação, água e polpa para consumo natural ou industrializados (incluindo a fabricação de sabão, sabonete, leite e óleo). O cajueiro, que pode alcançar 20 metros de altura, é típico de porções litorâneas do nordeste tem ampla utilização. Sua castanha produz um óleo com propriedades especiais (uso culinário, cosmético e medicinal) e a polpa do seu falso fruto é utilizada para a produção de sucos.O buriti é uma palmeira que pode alcançar 35 metros de altura. As formações de buriti constituem um indício da presença de água. A polpa do seu fruto é importante fonte de alimento além de produzir um óleo com funções medicinais (contra queimaduras, efeito cicatrizante e aliviador). Também pode ser lembrada a oiticica, cujo óleo se presta para o fabrico de tintas e vernizes (como secante).
Na região Norte, essa atividade foi por tempo a única fonte de renda. Hoje, outras atividades são praticadas, como a mineração, a agricultura e a pecuária. Mas ainda assim a extração vegetal é realizada.
A extração é uma atividade econômica que deve ser incentivada na região Norte, pois consegue aliar renda e conservação ambiental. A implantação de programas de orientação familiar na extração e a formação de cooperativas são de grande valia para melhorar a vida dos ribeirinhos, além dos mesmos contribuírem na preservação, tendo em vista que a floresta é que fornece o seu sustento.