Durante a Idade Média a Igreja Católica se tornou muito mais poderosa, interferindo nas decisões políticas e juntando altas somas em dinheiro e terras apoiada pelo sistema feudalista. Desta forma, ela se distanciava de seus ensinamentos e caía em contradição, chegando mesmo a vender indulgências (o que seria o motivo direto da contestação de Martinho Lutero, que deflagrou a Reforma Protestante propriamente dita), ou seja, a Igreja pregava que qualquer cristão poderia comprar o perdão por seus pecados.
Outros fatores que contribuíram para a ocorrência das Reformas foi o fato de que a Igreja condenava abertamente a acumulação de capitais (embora ela mesma o fizesse). Logo, a burguesia ascendente necessitava de uma religião que a redimisse dos pecados da acumulação de dinheiro.
Junto a isso havia o fato de que o sistema feudalista estava agora dando lugar às Monarquias nacionais que começam a despertar na população o sentimento de pertencimento e colocam a Nação e o rei acima dos poderes da Igreja.
Desta forma, Martinho Lutero, monge agostiniano da região da saxônia, deflagrou a Reforma Protestante ao discordar publicamente da prática de venda de indulgências pelo Papa Leão X.
Leão X (1478-1521) com o intuito de terminar a construção da Basílica de São Pedro determinou a venda de indulgências (perdão dos pecados) a todos os cristãos. Lutero, que foi completamente contra, protestou com 95 proposições que afixou na porta da igreja onde era mestre e pregador. Em suas proposições condenava a prática vergonhosa do pagamento de indulgências, o que fez com que Leão X exigisse dele uma retratação pelo ato. O que nunca foi conseguido. Leão X então, excomungou Lutero que em mais uma manifestação de protesto, rasgou a Bula Papal (documento da excomunhão), queimando-a em público.
Então, enquanto Lutero era acolhido por seu protetor, o príncipe Frederico da Saxônia, diversos nobres alemães se aproveitaram da situação como uma oportunidade para tomar os inúmeros bens que a igreja possuía na região. Assim, três revoltas eclodiram: uma em 1522 quando os cavaleiros do império atacaram diversos principados eclesiásticos afim de ganhar terras e poder; outra em 1523, quando a nobreza católica reagiu; e, uma em 1524, quando os camponeses aproveitando-se da situação começaram a lutar pelo fim da servidão e pelas igualdades de condições. Mas esta última também foi rechaçada por uma união entre os católicos, protestantes, burgueses e padres que se sentiram ameaçados e exterminaram mais de 100 mil camponeses. O maior destaque da revolta camponesa na rebelião de 1524 foi Thomas Münzer, suas idéias dariam início ao movimento "anabatista", uma nova igreja ainda mais radical que a luterana.
Além das questões religiosas, como o nicolaísmo e a simonia, outros elementos constribuíram para o sucesso da Reforma:
- A exploração dos camponeses pela Igreja - a Senhora feudal.
- A vontade de terras para o cultivo leva esta classe a apoiar a Reforma;
- Interesses da nobreza alemã nas terras eclesiásticas;
- A condenação da usura pela Igreja feria os interesses da burguesia comercial;
- O processo de centralização política, onde era interesses dos reis o enfraquecimento da autoridade papal;
- A centralização desenvolve o nacionalismo, aumentando a crítica sobre o poder de Roma em outras regiões.
Nos primeiros anos do século XVI, iniciou-se na Alemanha, a revolução religiosa que deu origem à igreja protestante e que se denominou Reforma. Esse movimento foi uma continuação das tentativas anteriores feitas na Idade Média, dentre as quais se destacavam: as de Wyclif, na Inglaterra e João Huss, na Boêmia - as doutrina desses heresiarcas, embora condenada pelos concílios, não tinham sido de todo esquecidas.
Havia na cristandade grandes males oriundos do relaxamento, da disciplina do clero, abusos que os fiéis lamentavam, reclamando uma reforma da Igreja "em suas cabeças e em seus membros". Censuravam-se, particularmente, o caráter mundano da corte papal de Alexandre VI e de Leão X, o desprezo da lei do celibato e a ignorância de grande parte do clero. Ademais, favoreceu o movimento da Reforma, o Renascimento, com o estudo e divulgação das idéias dos pensadores da antigüidade, contrária à pratica das virtudes e favoráveis à dissolução dos costumes que, todavia, já vinham se assinalando desde os últimos tempos medievais.
Em 1517, o papa Leão X incumbiu os dominicanos, com desagrado de outras ordens religiosas, a pregar, na Alemanha, uma indugência recolhendo esmolas para a conclusão da igreja de São Pedro,em Roma. Houve abusos no cumprimento dessa incumbência por parte de pregadores, emprestando-se-lhe um caráter mercantil.
Martinho Lutero negou o valor das indulgências e, lançando um repto ao dominicano Tetzel, afixou à porta da igreja de Wittenberg uma lista de 95 teses, nas quais atacava, além dos abusos os dogmas da Igreja.
O fato teve forte repercussão, mas o papa não deu grande importância, jugando simples "querela de frades". Lutero, porém, continuou seus ataques. Embalde tentou o papa obter sua retratação. Lutero queimou publicamente a bula papal que condenava suas teses (1520) e foi excomungado.
A dieta de Worms, convocada pelo imperador Carlos V, condenou Lutero, e seus amigos; para protegê-lo, esconderam no castelo de Wartburgo; onde fez uma tradução da Bíblia, que se considera um monumento literário.
A Reforma rejeitava a autaridade papal, abolia a celebração da missa, a hierarquia eclesiástica, o celibato clerical e ensinava entre outras coisas, o livre exame e a justificação pela fé.
Lutero e a Reforma
Monge agostiniano que rompeu com a Igreja Católica em virtude da venda de indulgências, efetuada pela Igreja para a construção da basílica de São Pedro pelo papa Leão X. Lutero protestou através da exposição de suas 95 teses, condenando, entre outras coisas a venda das indulgências.
Suas principais idéias reformistas eram:
- Justificação pela fé - a única coisa que salva o homem é a fé, o homem está diante de Deus sem intermediários;
- A idéia de livre-exame, significa que todo homem poderia interpretar livremente a Bíblia, segundo a sua própria consciência;
Sendo assim, a Igreja e o Papado perdem sua função.
As idéias de Lutero agradaram a nobreza alemã que passou a se apropriar das terras eclesiásticas. A revolta atingiu as massascamponesas - que queriam terras - e foi duramente criticada por Lutero.
As doutrinas de Lutero propagaram-se rapidamente pela Alemanha; muitos principes as apoiaram, cobiçando os bens da Igreja ou por interesse político. Os camponeses receberam-na com alvoroço, revoltando-se contra os senhores, incendiando castelos, igrejas e conventos, pretendendo reformas sociais em nome da religião.
Carlos V (empenhado na luta contra Francisco I, da França), numa primeira dieta reunida em Spira, considera, os partidários da Reforma, certa tolerância individual para livre exercício de seu culto; mas alguns anos depois, retirou a concessão, proibiu a propaganda luterana nos territórios fiéis ao Catolicismo e determinou aos príncipes luteranos, a tolerância da religião católica em seus Estados. Os partidários da reforma protestaram contra essas disposições, daí o nome protestante com que, desde então foram desiguinados.
Mais tarde houve, em Augsburgo, outra importante dieta (1530), em que foi apresentado o texto da "Confissão de Augsburgo" com o resumo das crenças da nova religião. Carlos V rejeitou-a. Os príncipes formaram, pouco depois, uma liga, contra a qual Carlos V guerriou; mas a vitória que obteve não foi proveitosa. A paz deu aos protestantes igualdade política com os católicos e o estranho direito de cada príncipe, determinar a religião de seus súditos (1555).
Com a propagação da Reforma em vários países, outros reformadores surgiram, mais radicais do que o próprio Lutero. Desde cedo, não existiu unidade entre eles, estabelecendo-se pela divergência doutrinária, numerosas seitas que se detestavam e se perseguiam. Uma dessas foi a dos anabatistas, que apareceram na Turíngia e na Holanda, acreditava na necessidade de um novo batismo e queriam a comunhão de bens, o quedeu lugar a demorada e sangrenta luta.
A difusão da Reforma, entretanto, ocorreria na Suiça, com dois de seus maiores chefes, Zwinglio e Calvino; na Suécia, com o apoio do novo rei Gustavo Wasa; na Prússia, com o auxílio do grão-mestre da ordem Teotônica; na Inglaterra, com a criação da igreja anglicana; e, ainda, na Escócia, na Dinamarca e na França.
Ulrico Zwinglio, um dos propagadores da Reforma na Suiça, era um padre que se rebelara contra Roma, quase, ao mesmo tempo, de Lutero. As suas idéias conseguiram conquistar alguns cantões daquele país; mas, pretendendo constranger outros a seguí-las, provocou um guerra civil em que pareceu.
Reforma Calvinista
Um dos maiores ramos do Protestantismo teve por fundador o francês Jõao Calvino. A princípio encaminhado para a vida eclesiástica, Calvino se fez depois jurista e entusiasta, cultor do Humanismo. Abraçando as idéias da Reforma, pôs-se a pregá-las, perseguido, deixou a França e refugiou-se na Suiça, onde escreveu o livro Instituição Cristã, em que excede as doutrinas de Lutero, rejeita o culto externo e ensina a predestinação dos homens à salvação ou à eterna condenação.
Defesa da teoria da predestinação, onde o destino do homem é condicionado por Deus. Dizia haver sinais de que o indivíduo era predestinado por Deus para a salvação: o sucesso material e a vontade de enriquecimento, pois a pobreza era tida como um des favorecimento divino.
A valorização do trabalho, implícita na teoria; bem como a defesa do empréstimo de dinheiro a juros contribuem para o desenvolvimento da burguesia e representam um estímulo para o acúmulo de capitais.
Calvino fez de Genebra, onde se fixou, a Roma do protestantismo, onde fundou uma espécie de República Teocrática e organizou suas igreja, que serviria de modelo aos protestantes de língua francesa; formavam-se, na mesma cidade, os ministros que iam organizar as igrejas calvinistas de Holanda, Escócia, Inglaterra e França.
Os partidários de Calvino, na Escócia, vinheram-se a chamar-se presbiterianos; na Inglaterra puritanos e na França, huguenotes.
Reforma Anglicana
Henrique VIII é o reformador da Inglaterra, através do Ato de Supremacia, aprovado em 1513, que colocou a Igreja sob a autoridade real - nascimento da Igreja Anglicana. A justificativa para o rompimento foi a negativa do papa Clemente VII em dissolver o casamento de Henrique VIII com Catarina de Aragão. Além disto, havia um enorme interesse do Estado nas propriedades eclesiásticas, para facilitar a expansão da produção de lã.
O rei da Inglaterra, Henrique VIII, a princípio defendeu a Igreja contra Lutero, pretendeu, entretanto, que o papa lhe anulasse o casamento com Catarina de Aragão para desposar Ana Bolena. Ante a recusa de Clemente VII, separou-se de Roma, instituindo-se chefe espiritual da igreja de seu reino (Igreja Anglicana).
O cisma que o rei efetuava não pretendia tocar no dogma católico; foi após a morte de Henrique VIII, que a Reforma se estabeleceu na Inglaterra.
Considerando-se católico, exigia, entretanto, Henrique VIII que seus súditos o reconhecessem como chefe da Igreja Inglesa. Sua crueldade fez inúmeras vítimas, entre as quais: duas esposas, o bispo Fisher e o chanceler do reino Thomas Morus, filósofo e teólogo que censurava seu divórcio. Mandou decapitar católicos, porque não lhe reconheciam autoridade espiritual e fez queimar luteranos e calvinistas porque os julgava heréticos.
O estabelecimento definitivo do anglicanismo deve-se a Isabel, filha de Ana Bolena, e que foi extremamente cruel na perseguição aos católicos e puritanos de seu reino; um exemplo de tal crueldade é a trágica morte de sua prima Maria Stuart, rainha da Escócia, que pediria asilo e a quem ela, por ódio religioso e sob iníqua acusação de conspiradora, mandou decapitá-la, depois de conservá-la prisioneira, durante 19 anos.
A Contra-Reforma
Diante do sucesso e da difusão das idéias protestantes, a Igreja Católica inicia a sua reforma, conhecida como Contra-Reforma.
As principais medidas - tomadas no Concílio de Trento foram:
- Proibição da venda de indulgências;
- Criação de seminários para a formação do clero;
- O Index - censura de livros;
- Restabelecimento da Inquisição;
- Manutenção dos dogmas católicos;
- Proibida a livre interpretação da Bíblia;
- Reafirmação da infalibilidade papal.