O pós-modernismo pode ser definido como as características de natureza sócio-cultural e estética, que marcam o capitalismo da era contemporânea, portanto esta expressão pode designar todas as profundas modificações que se desenrolam nas esferas científica, artística e social, dos anos 50 até os dias atuais.
Este movimento, que também pode ser chamado de pós-industrial ou financeiro, predomina mundialmente desde o fim do Modernismo. Ele é, sem dúvida, caracterizado pela avalanche recente de inovações tecnológicas, pela subversão dos meios de comunicação e da informática, com a crescente influência do universo virtual, e pelo desmedido apelo consumista que seduz o homem pós-moderno.
Não é fácil, porém, definir exatamente o sentido deste termo, seu alcance e, principalmente, os limites temporais, pois os pesquisadores carecem justamente do imprescindível distanciamento histórico para melhor analisá-lo, o que é muito difícil, já que o Pós-Modernismo é um processo ainda em desenvolvimento no contexto histórico em que vivemos.
Alguns pesquisadores, como o francês Jean-François Lyotard, consideram que a Ciência perdeu muito de seu crédito como geradora da verdade absoluta, portanto este processo contemporâneo é qualificado igualmente como o sepulcro de todas as justificativas e assertivas imperativas. Nada mais é certo, tudo é relativo e impreciso. Já o marxista Fredric Jameson crê que este período histórico nada mais é que a terceira etapa do capitalismo.
O Homem pós-moderno habita em um universo imagético, repleto de signos e ícones, privilegiados em detrimento dos objetos; a simulação substitui a realidade, e elege-se o hiper-realismo - também conhecido como foto-realismo, e que pretende transpor para o universo das imagens uma realidade objetiva - como expressão máxima da contemporaneidade e das incertezas humanas.
O hiper-realismo, porém, sendo uma condição ilusória, entra em choque com a existência cotidiana concreta, o que provoca na psique do Homem uma certa perturbação, pois em um determinado momento é difícil estabelecer as fronteiras entre real e ficção. Esta técnica pode, facilmente, driblar a vigilância tanto do emissor da mensagem, quanto de seu receptor, que perdem, assim, o domínio sobre ela. Este é o universo da espetacularização do noticiário, o qual é, muitas vezes, distorcido em benefício do show protagonizado pela mídia.
Tudo é fluido na pós-modernidade, daí o termo preferido pelo polonês Zygmunt Bauman, que tornou popular esta expressão, e prefere traduzi-la como ‘modernidade líquida', uma vez que nada mais é realmente concreto na era atual. Tempo e espaço são reduzidos a fragmentos; a individualidade predomina sobre o coletivo e o ser humano é guiado pela ética do prazer imediato como objetivo prioritário, denominado hedonismo.
A humanidade é induzida é levar sua liberdade ao extremo, colocada diante de uma opção infinita de probabilidades, desde que sua escolha recaia sempre no circuito perverso do consumismo. Daí a subjetividade também ser incessantemente fracionada. Resta saber por quais caminhos se desdobrará o Pós-Modernismo, se ele também sofrerá uma ruptura inevitável, se será, enfim, substituído por outro movimento sócio-cultural.
A MODERNA ARQUITETURA BRASILEIRA
Nas primeiras décadas do século XX, as cidades brasileiras começaram a se modernizar e, para isso, demoliram as construções acanhadas, rasgaram largas avenidas, ampliaram praças. A arquitetura brasileira, entretanto, começou o século XX ainda preservando soluções e tendências do século XIX. Mas essa atitude foi sendo superada e os escritórios de arquitetura passaram a inovar e a surpreender os moradores das cidades com seus projetos.
Depois das tendências do Art Nouveau e do ecletismo, do abandono do excesso decorativo, da adoção de linhas retas e de um certo geometrismo nas formas dos edifícios, encontramos as linhas curvas de Oscar Niemeyer (1907), um dos arquitetos brasileiros mais criativos e respeitados nacional e internacionalmente.
A ARQUITETURA INOVADORA DE NIEMEYER
Na década de 1940, uma construção que marcou época na arquitetura brasileira foi o conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, projetado por Niemeyer.
Apesar da consagração de Niemeyer ter-se dado com o Pavilhão Brasileiro da Feira Mundial de Nova York, em 1939-1940, foi na Pampulha que ele mostrou toda a sua capacidade criadora.
Desse conjunto, destaca-se a igreja de São Francisco, considerada uma ruptura radical com tudo o que já fora feito no passado em arquitetura religiosa. Aí, pela primeira vez o concreto armado foi usado para criar formas sinuosas que romperam com a tradicional construção de paredes retas. É a primeira igreja brasileira em que o espaço não apresenta mais a planta comportada e simétrica dos antigos templos, suas naves, abóbadas e capelas, projetadas de acordo com rígidas convenções.
A decoração feita por Portinari, por sua vez, tanto a dos azulejos externos quanto a do painel interno, foi concebida de forma a se integrar totalmente com as linhas arquitetônicas de Niemeyer.
Outra obra de Niemeyer que merece destaque é o conjunto do Ibirapuera, em São Paulo. Conforme o projeto original, esse conjunto reúne vários edifícios: Palácio dos Estados, Palácio das Nações e auditório.
Da equipe de Niemeyer para esse projeto participaram Zenon Lotufo, Hélio Uchoa e Eduardo Kneese de Mello. Essa equipe contou ainda com a colaboração de Gauss Estelita e Carlos Lemos.
A construção dos edifícios foi feita de vários anos, mas a ideia fundamental era que o conjunto do Ibirapuera fizesse parte das comemorações do quarto centenário da cidade de São Paulo. Assim, o Palácio das Nações e o Palácio dos Estados, os outros edifícios e a grande marquise, que os une pela área externa, foram construídos nos primeiros anos da década de 1950. Apenas o auditório, que não havia sido edificado nesse tempo, foi construído e inaugurado bem depois, em 2005.
O Palácio das Nações e o Palácio dos Estados têm uma relevância especial porque abrigaram as importantes Bienais de Arte de São Paulo, de 1953 e 1955. E as exposições bienais até hoje são realizadas no conjunto do Ibirapuera, atraindo sempre um grande público que as visita em busca de contato com as formas mais recentes das artes.
BRASÍLIA: A OPORTUNIDADE DE PROJETAR ALGO INUSITADO
No século XVIII o país teve sua capital transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. No século XX, ocorreu um a nova transferência da capital. Mas dessa vez as circunstâncias eram totalmente inusitadas. A primeira mudança foi de uma cidade para outra já existente, ainda que muito acanhada, mas já com uma série de edifícios e serviços estabelecidos. A segunda foi inteiramente radical: os órgãos governamentais saíram do Rio de Janeiro, cidade com mais de quatrocentos anos de história, para se instalarem num outro centro urbano - Brasília -, construído entre os anos 1956 e 1961, na região do cerrado, em pleno sertão brasileiro, para ser a nova capital do país.
A cidade como um todo foi planejada por Lúcio Costa e o projeto dos edifícios mais importantes coube a Oscar Niemeyer. É de Lúcio Costa o famoso plano da cidade, concebida como a figura de um avião, em que um grande eixo central divide um eixo transversal em duas metades, uma ao norte e outra ao sul, como se fossem as asas de uma aeronave.
Niemeyer, por sua vez, projetou o Palácio dos Arcos, sede dos Ministério das Relações Exteriores, o Teatro Nacional, o Palácio da Alvorada - famoso por suas colunas e por ser a residência oficial do presidente da República -, e os edifícios que formam o conjunto da praça dos Três Poderes: o Palácio do Planalto - também famoso pelo alinhamento de suas colunas -, o Palácio da Justiça e o Congresso Nacional.
Além dessas construções, destaca-se a catedral de Brasília, cujo interior nos faz refletir sobre a luminosidade das igrejas. O interior dessa catedral de linhas arrojadas é iluminado pela luz natural graças à sua cobertura com vidro. Isso expressa uma concepção interessante de teto de igreja: enquanto as igrejas barrocas tinham pinturas no teto que sugeriam uma abertura para o céu, o teto de vidro da catedral de Brasília deixa o próprio céu à vista das pessoas que a visitam.
Ao observar os edifícios públicos de Brasília podemos notar uma clara orientação de Niemeyer: eles foram pensados de modo que ficassem abertos aos espações exteriores. Não há muros, não há grades, nem pesadas portas de ferro que estabeleçam seus limites. Eles estão ali, simbolicamente, como extensões das praças, acessíveis ao povo. As barreiras formais que a arquitetura não previu são obra das autoridades que exercem o poder, não do artista que projetou os edifícios.