Os artistas do início do século passado interessaram-se pela obra de Cézanne, pois, como vimos, para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros.
Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cezánne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso com a fidelidade com a aparência real das coisas. Significava, em suma, o abandono da busca da ilusão da perspectiva ou das três dimensões dos seres, tão perseguidos pelos pintores renascentistas.
Com o tempo, o Cubismo evoluiu em duas grandes tendências chamadas "Cubismo Analítico" e "Cubismo sintético". O Cubismo Analítico foi desenvolvido por Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-1963), aproximadamente entre 1908 e 1911, nas obras "Violino e cântaro", de Braque e "O poeta", de Picasso.
O Poeta (1911), Pablo Picasso.
Esses artistas trabalharam com poucas cores - preto, cinza e alguns tons de marrom e ocre -, já que o mais importante para eles era definir um tema e apresentá-lo de todos os lados simultaneamente. Levada às últimas consequências, essa tendência chegou a uma fragmentação tão grande dos seres, que tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas.
Reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura, os cubistas passaram ao Cubismo Sintético. Basicamente, essa tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Mas, apesar de ter havido uma certa recuperação da imagem real dos objetos, isso não significou o retorno a um tratamento realista do tema, como podemos ver em "Mulher com violão" de Braque.