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DADAÍSMO E SURREALISMO

Durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), artistas e intelectuais de diversas nacionalidades, contrários ao envolvimento de seus países no conflito, exilaram-se em Zurique, na Suíça. Aí acabaram fundando um movimento literário que deveria expressar suas decepções com o fracasso das ciências, da religião e da filosofia existentes até então, pois todos esses conhecimentos se revelaram incapazes de evitar a grande destruição que assolavam a Europa.

Esse movimento foi denominado Dadá, nome escolhido pelo poeta húngaro Tristan Tzara (1896-1963). Uma das versões sobre a criação desse nome relata que o poeta abriu um dicionário ao acaso e deixou seu dedo cais sobre uma palavra qualquer da página. O dedo indicou a palavra dada, que na linguagem infantil francesa, que significa "cavalo". Mas isso não tinha a menor importância. Tanto fazia ser essa palavra como outra qualquer, pois a arte perdia todo o sentido, já que a guerra havia instaurado o irracionalismo no continente europeu.

É preciso considerar também que os estudos de Freud chamavam a atenção para um aspecto novo da realidade humana. Eles revelavam que muitos atos praticados pelos homens são automáticos e independentes de um encadeamento de razões lógicas.

Dessa forma, os dadaístas propunham que a criação artística se libertasse das amarras do pensamento racionalista e sugeriam que ela fosse apenas o resultado do automatismo psíquico, selecionando e combinando elementos ao acaso. Na pintura, essa atitude foi traduzida por obras que usaram o recurso da colagem.

Entretanto, agora a intenção não é plástica e sim de sátira e crítica aos valores tradicionais tão aparentemente prezados, mas responsáveis pelo caos em que se encontram a Europa.

O Dadaísmo, e principalmente o seu princípio do automatismo psicológico, propiciou o aparecimento do Surrealismo, na França, em 1924. O poeta e escritor André Breton (1896-1966) liderou a criação desse movimento e escreveu o seu primeiro manifesto, em que associa a criação artística ao automatismo psíquico puro. Dessa associação resulta que as obras criadas nada devem à razão, à moral ou à própria preocupação estética. Portanto, para os surrealistas, a obra de arte não é o resultado de manifestações racionais e lógicas do consciente. Ao contrário, são as manifestações absurdas e ilógicas, como as imagens dos sonhos e das alucinações, que produzem as criações artísticas mais interessantes.

Às vezes as obras surrealistas representam alguns aspectos da realidade com excesso de realismo. Entretanto, estes aparecem, em geral, associados a elementos que na realidade são dissociados, o que resulta em conjuntos irreais. Dos pintores surrealistas, Salvador Dalí (1904-1989) é sem dúvida o mais conhecido, principalmente por causa da obra "A persistência da memória", muitas vezes reproduzida em livros.

A persistência da memória (1931), de Salvador Dalí

Esse artista procurou desenvolver em sua pintura a atitude de quem recusa a lógica que rege a vida comum das pessoas. Segundo ele, ao pintar, é preciso desacreditar da realidade tal como a percebemos.