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DIRECIONAMENTO DO TRABALHO VOCAL

NA PRÉ-ESCOLA

Temos um vasto repertório no cancioneiro tradicional infantil brasileiro, com cantigas de roda, de ninar, de brincar e, mais recentemente, muitos compositores tem voltado seu trabalho para o público infantil. No livro Brincando de Roda, de Íris Costa Novaes, encontramos lindas canções, apropriadas para o trabalho infantil.

O professor deve estar atento à saúde vocal da criança e perceber se ela apresenta características de algum distúrbio vocal, como rouquidão permanente, soprosidade e/ou aspereza no som, dificuldades em executar notas em regiões que deveriam ser tranquilas para sua fase vocal, pois, de acordo com R. Z. Penteado, A. M. D. de Camargo, C. F. Rodrigues, C. R. da Silva, D. Rossi,J. T. C. e Silva, P.  Gonzales, S. L. de S. G. Silva (2007) “crianças que apresentam alterações vocais podem encontrar dificuldade em se comunicar, falar, ser ouvida” ou seja, se expressar, isso afetará seu canto e, se a patologia não for diagnosticada e tratada, o problema será agravado.

*Cada exercício deve ser repetido de 3 a 4 vezes.

1 - Começar sempre com exercícios de respiração. Eles podem ser lúdicos, pedindo que a criança imagine um buquê de flores e o cheire suavemente pelo nariz, sentindo que o ar perfumado enche suas costelas, com se sua barriga aumentasse de tamanho. Depois, com o gesto de empurrar com os braços pra frente, soltar o ar, fazendo as pétalas das flores balançarem, enquanto o ar é expirado com o som de sssss, sem empurrar o som.

2 - Jogar beijinhos, estourar pipocas com o som da boca, estalar a língua, encher as bochechas e soltar são excelentes para trabalhar e fortalecer a boca, língua e bochecha. 

3 - Depois fazer o som da abelhinha com a consoante Z, sempre pensando na respiração. Por poucos segundos o som será produzido antes de respirar e fazer novamente.

4 - Fazer o som do motor do carro com a consoante V, subindo e descendo a escala, mas como um glissando.

5 - Fazer sons nasais como se estivesse mastigando.

6 - Fazer vibração de labios brrrr e de língua trrrr: 

  • Sem esforço laríngeo, inspirar e fazer a vibração sustentando um único som em torno de 5 segundos;
  • Fazer a vibração com um glissando do grave para o agudo e descendo;
  • Fazer a vibração com um movimento melódico simples: dó, ré, mi, ré, dó.

* Repetir cada uma 3 vezes e fazer com as duas vibrações.


EXECUÇÃO DAS CANÇÕES

As músicas usadas com as crianças devem sempre estar em tonalidade confortável para a voz infantil e não para a voz do professor.

Geralmente os tons de C e D, quando não ultrapasse descendentemente o Dó central ou Dó.

Quando a música ultrapassar o Dó 3, indo a notas mais graves que esta, procure fazer adaptações na melodia.

Cantar de maneira a deixar a voz clara, leve, sem vícios vocais ou de interpretação, como uso de Fry, da garganta, etc, pois criança aprende imitando.

O agudo é sempre mais bem vindo que o grave.

Não pedir para cantar forte, pois, geralmente, se confunde o forte com o gritar, e elas acabam gritando. Peçam antes para articular melhor, falar melhor as palavras, apoiando sempre na respiração.

Nunca cantar quando estiver com dor de garganta ou rouco.

Para trabalhar melhor a sonoridade das canções, pedir pra que eles cantem sem a letra, mas fazendo vibração de lábios ou de língua; substituir a letra também por alguma sílaba como o TU.

Manter a naturalidade da voz infantil. A criança nunca deve imitar a colocação de voz de um adulto, pois, de acordo com DINVILLE (1993) “É importante saber que a classificação da voz falada se processa como a da voz cantada. É o mesmo instrumento, a mesma constituição anatômica, a mesma função fisiológica. Deve haver concordância entres as duas vozes, tanto para o timbre como para o modo de emissão”.

Se o professor for mulher, é mais fácil a adaptação vocal, bastando cantar em um tom mais elevado, já que as vozes femininas se aproximam mais da voz infantil. Mas se for homem, se faz necessário o uso do falsete, para facilitar o canto e entendimento da altura para as crianças reproduzirem.


A PARTIR DE 8 ANOS

A partir dos 8 anos a criança já pode estudar canto e trabalhar sua voz com um professor especializado nesta área.

Nas aulas de música e de canto coral o repertório já pode ser mais abrangente e de maior extensão vocal. Nesta fase, assim como na anterior, o tipo de voz da criança é chamado de voz branca, posto que ainda não passou pela muda vocal e não apresenta vibrato. Criança antes da mudança de voz não possui classificação vocal como soprano, contralto, tenor ou baixo, sua voz é chamada de sopranino e dizemos que tem a voz branca.

O trabalho a ser feito nesta fase requer muito cuidado tanto na condução dos vocalizes como na escolha de repertório. Criança não deve cantar árias de ópera, pois a demanda vocal desta forma musical é muito grande, exigindo grande maturidade e tonicidade muscular da laringe, assim como da sustentação abdominal.

Há um imenso repertório com arranjos próprios para corais infantis, assim como alguns compositores que tem uma condução melódica mais propícia a este tipo de voz.

Os vocalises podem chegar a extensões mais agudas como um Lá4, gradativamente. À medida que o trabalho for amadurecendo e com o passar do tempo, esta extensão vai aumentando até o limite da tessitura do cantor, limite do conforto vocal.