GLOBALIZAÇÃO E TRABALHO
As transformações existentes atualmente resultam em uma mudança muito mais geral em toda a sociedade e mais significativamente no que se refere ao trabalho. Ela resulta de um grande fenômeno que já estava presente desde o surgimento do capitalismo, mas que nas últimas décadas toma forma de modo significativo é o processo de mundialização da produção e do consumo também conhecido como globalização.
Decorrente deste momento globalizado temos um mercado de trabalho internacional. Aquilo que era apenas localizado, isto é, trabalhadores portugueses na França, turcos na Suíça e assim por diante, passou a ser uma constante ao nível mundial. Qualquer trabalhador, até os menos qualificados, mais principalmente os ultra qualificados participam do mercado de trabalho mundial, em qualquer lugar do mundo.
O exemplo mais típico entre nós é o caso dos dekasséguis. Isso significa um movimento migratório de trabalhadores no mundo todo. Mesclam-se idade, sexo, religião, língua, tradições, reivindicações, lutas e ilusões. Nasce assim a forma de um trabalhador mundial.
Por outro lado, e ao mesmo tempo temos também o surgimento de a presença de discriminação e preconceito muito ativos em muitas pare do mundo. Em muitos países da Europa os trabalhadores africanos são muito discriminados.
ACUMULAÇÃO FLEXIVEL DO PROCESSO PRODUTIVO CAPITALISTA
Desde a década de 1970, o capitalismo vem passando por nova transformação. O capital, na sua busca incessante de valorizar-se, procura novas formas de elevar a produtividade do trabalho e a expansão dos lucros. Assim, desenvolveu-se uma nova fase no processo produtivo, que poderíamos chamar de pós-fordismo ou a da acumulação flexível, caracterizada por:
- Flexibilização dos processos de trabalho, incluindo ai a automação;
- Flexibilização e mobilidade dos mercados de trabalho;
- Flexibilização dos produtos e também dos padrões de consumo.
Flexibilização dos processos de trabalho
Com a automação, assistimos à eliminação do controle manual por parte do trabalhador. Substituído por tecnologias eletrônicas, o trabalhador só intervém no processo para fazer o controle e a supervisão. As atividades mecânicas são desenvolvidas por máquinas se automatizada, programadas para agir sem intervenção de um operador.
A máquina se vigia e se regula a si mesma. O número de trabalhadores manuais diminui drasticamente e o engenheiro que entende de programação eletrônica, de supervisão ou análise de sistemas passa a ter uma importância estratégica nas novas instalações industriais.
A robótica, é a tecnologia responsável pela automação dos processos produtivos, entra hoje, como um componente novo nas indústrias de bens de consumo duráveis, e está alterando profundamente as relações de trabalho. Os robôs não fazem greve, trabalhando incansavelmente, não exigem maiores salários e melhores condições de trabalho e de vida. Uma empresa de automóveis que empregava na década de 1970 em torno de 400 trabalhadores, no ano de 2000, está mesma empresa precisaria apenas 50 trabalhadores diretos. Ou seja, a robótica e as novas tecnologias de produção propiciaram uma diminuição dos postos de trabalho para produzir a mesma coisa e a preços menores.
Também aparecem outras novas formas de produzir: o licenciamento de marcas que articulam várias empresas pequenas e médias em torno de marketing e do apoio financeiro de um grande grupo. A Benetton é um bom exemplo disso; ela não produz diretamente quase nada tem uma marca de vestuário que é alugada a empresas menores, em todo o mundo, adaptando-se aos mais diferentes estilos e padrões culturais. A Nike, a coca-cola e a Mc Donald's, operam de modo semelhante, subordinando inúmeras outras empresas às suas estratégias comerciais.
Flexibilização e mobilidade dos mercados de trabalho
Os mercados de trabalho foram flexibilizados. Os empregadores desenvolveram a tendência de utilizar as mais diferentes formas de trabalho: trabalho doméstico e familiar, trabalho autônomo, trabalho temporário, por hora ou por curto prazo, subcontratação. Elas substituem a forma clássica do emprego regular, sob contrato, permitindo uma alta rotatividade da mão-de-obra e, consequentemente, baixo nível de sindicalização e forte retrocesso da ação dos sindicatos na defesa dos direitos trabalhistas.
Flexibilização dos produtos e também dos padrões de consumo
Os produtos e o consumo foram flexibilizados para torna os objetos de uso cada vez mais descartáveis. A vida útil dos produtos que compramos vai diminuindo e, paralelamente a propaganda nos estimula a trocá-los por outros novos, fazendo com que os artigos sejam consumidos rapidamente, ou seja, deixados de lado se durarem mais do que o previsto, trocados por novos na mesma velocidade que a produção. Desenvolveu-se assim, o que se chama a obsolescência programada.
Trabalhadores Pós-Moderno
Com a crescente utilização da tecnologia computadorizadas e automatizadas, com a flexibilização da produção e do mercado de trabalho, criou-se uma grande instabilidade no emprego para os trabalhadores, que passam a não ter mais a segurança de trabalho estável. O desemprego, crescente inclusive nos países capitalistas mais avançados, é hoje o maior problema em todas as sociedades industrializadas.
Em algumas das economias mais avançadas, os trabalhadores, ainda podem contar com um seguro-desemprego estável e de valor significativo, que uma forma de remediar essa situação. Entretanto na maioria dos países, e principalmente naqueles em que não existe um sistema de amparo regular ao desemprego, a solução é terrível, deixando os desempregados em uma situação desesperadora.
A outra característica que envolve o trabalho neste momento é que este processo exigirá um trabalhador polivalente. Não temos mais um indivíduo que sabe fazer ou que faz somente uma coisa. Isso permite que alguém trabalhe em qualquer coisa, portanto a especialização não é mais a grande necessidade do mercado de trabalho, pois se necessita de trabalhadores que possa fazer de tudo um pouco. A exploração de trabalho torna-se também mundial, pois os trabalhadores serão alcançados pelas grandes empresas ou poderão circular no mundo todo.
A rápida obsolescência dos conhecimentos técnicos devido ao constante avanço tecnológico exige atualmente um profissional com um hábito da aprendizagem permanente para poder continuar acompanhando as transformações do mercado.